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O plano da Boeing para ‘enterrar’ suas emissões de carbono

Setor aéreo busca alternativas diante da lentidão na redução de emissões; tecnologia da Charm Industrial vira aposta de custo mais baixo que combustíveis sustentáveis

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 14 de novembro de 2025 às 16h49.

Última atualização em 14 de novembro de 2025 às 16h49.

A Boeing firmou um acordo com a Charm Industrial para remover 100 mil toneladas de carbono da atmosfera — um movimento que reforça a corrida da aviação por alternativas diante da dificuldade em reduzir emissões de forma direta.

A Charm, fundada no Vale do Silício, coleta resíduos agrícolas e florestais e os submete a um processo térmico que os converte em “bio-óleo”, mistura espessa de hidrocarbonetos. O material é então injetado no subsolo, inclusive em antigos poços de petróleo, onde fica permanentemente armazenado. O processo permite que a empresa venda créditos de remoção de carbono para companhias que buscam compensar emissões. A negociação com a Boeing foi revelada pelo Axios.

Boeing 737-7 MAX, N7201S. Farnborough International Airshow, 16 de julho de 2018

O Boeing 737-7 MAX: em exibição no Farnborough International Airshow (Wirestock/Getty Images)

A aviação é um dos setores que menos avançaram na descarbonização. Alternativas como os combustíveis sustentáveis de aviação (SAF, na sigla em inglês) enfrentam limitação de oferta e custos elevados. Por isso, métodos de remoção direta de carbono têm ganhado relevância: alguns estudos estimam que, até 2050, o setor terá de gastar ao menos US$ 60 bilhões em compensações para atingir metas de emissão líquida zero.

Além do bio-óleo, a Charm também produz biochar, um composto aplicado ao solo para melhorar produtividade agrícola, embora essa frente ainda esteja em estágio inicial, segundo dados do registro de carbono Isometric.

Tecnologia busca escala enquanto setor aéreo tenta fechar sua conta climática

Os termos financeiros do acordo com a Boeing não foram divulgados. Mas, em 2022, a Charm vendeu 112 mil créditos de remoção de carbono ao programa Frontier — consórcio apoiado por Stripe, Alphabet e Meta — por US$ 53 milhões, ou cerca de US$ 470 por tonelada. A startup afirma que trabalha para reduzir esse valor para US$ 50 por tonelada, patamar visto como necessário para que a tecnologia ganhe escala industrial.

Diante da pressão regulatória e do aumento das emissões globais da aviação, o movimento da Boeing sinaliza um cenário no qual grandes fabricantes buscam construir seu próprio portfólio de compensações, enquanto aguardam que o mercado de combustíveis sustentáveis e tecnologias limpas avance.

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