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Por trás do Pix: como a Red Hat se tornou a engrenagem invisível do sistema de pagamentos brasileiro

Empresa de software da IBM ajudou o Banco Central a reduzir custos e garantir escalabilidade — e agora aposta em inteligência artificial para expandir sua presença no Brasil

Gilson Magalhães: "usamos inteligência artificial para organizar e conectar" (RedHat/Divulgação)

Gilson Magalhães: "usamos inteligência artificial para organizar e conectar" (RedHat/Divulgação)

Publicado em 26 de setembro de 2025 às 06h00.

O Pix já é o meio de pagamento mais utilizado no Brasil, segundo o Banco Central (BC). Mas, por trás da inovação, existe toda uma infraestrutura para garantir sua eficiência e segurança. E é aí que entra a Red Hat, empresa americana de software corporativo adquirida pela IBM em 2019.

Para garantir a eficiência e a escalabilidade necessárias para suportar milhares de transações por segundo, 24 horas por dia, 7 dias por semana, o BC enfrentava o desafio de criar uma infraestrutura de TI robusta e altamente disponível.

A solução encontrada foi a contratação de uma arquitetura distribuída, essencial para dar suporte ao volume de dados do novo sistema de pagamentos. A Red Hat, com sua expertise em soluções baseadas em código aberto, foi escolhida para fornecer as tecnologias que seriam a espinha dorsal da transformação.

Para Gilson Magalhães, vice-presidente e gerente geral da Red Hat para a América Latina, o impacto da Red Hat foi significativo não só no aspecto técnico, mas também na economia de recursos.

"Usando o Pix, conseguimos reduzir o orçamento para a impressão de dinheiro do Banco Central em cerca de 30%, o que representa uma economia substancial", diz em entrevista à EXAME. "Além disso, com a flexibilidade do código aberto, o custo de operação do sistema de pagamento foi mantido sob controle, mesmo com a implementação de um sistema tão robusto."

A Prodesp, empresa de tecnologia do Governo do Estado de São Paulo, também se beneficia da infraestrutura fornecida pela Red Hat e utiliza soluções de código aberto para modernizar e digitalizar seus serviços.

Um exemplo marcante da parceria, para o executivo, foi o desenvolvimento de uma plataforma que transformou o Diário Oficial do Estado de São Paulo.

Antes, a diagramação do jornal exigia um trabalho manual intenso com uma equipe de 40 pessoas, mas com a implementação de IA e automação, o processo passou a ser realizado por apenas duas pessoas — economizando tempo e recursos. Para a Red Hat, a parceria com a Prodesp exemplifica como suas soluções podem ser aplicadas para resolver desafios do setor público, além de melhorar a eficiência e reduzir custos.

"Usamos inteligência artificial para organizar e conectar. A parte importante que está por trás das cenas é que tivemos que integrar todos os sistemas. Tivemos que fornecer informações com formatos muito diferentes e tivemos que organizar tudo", afirma.

IA no centro

E é justamente na IA que a empresa tem apostado para crescer ainda mais no Brasil.

Segundo a companhia, a IA generativa, por exemplo, tem sido uma área de crescente interesse no país, principalmente com a descoberta de novas formas de aplicar a tecnologia nos negócios.

"As oportunidades com a inteligência artificial são infinitas, pois a cada dia os clientes descobrem novas formas de aplicá-la em seus negócios. O grande desafio, no entanto, é criar uma estratégia e uma arquitetura que ofereçam a mesma flexibilidade e consistência que a nuvem, permitindo que escolham os modelos de linguagem, a arquitetura e a nuvem em que suas operações de IA serão executadas", diz David Farrell, vice-presidente sênior global de vendas para a América Latina.

Para ele, o Brasil é um dos países que estão na vanguarda das inovações tecnológicas. "O Brasil está muito à frente na adoção de IA e outras tecnologias digitais. Estamos vendo muitas empresas buscando como aplicar essas inovações em seus negócios, e a Red Hat está aqui para ajudar a garantir que isso seja feito de maneira eficiente e estruturada", completa Farrell.

O desafio, no entanto, tem até definição no dicionário digital: FOMO (fear of missing out), o medo de ficar de fora. "Muitas empresas estão tão preocupadas em adotar a tecnologia rapidamente que acabam fazendo escolhas impulsivas. Isso pode resultar em investimentos mal direcionados e soluções que não atendem às reais necessidades do negócio", explica.

David Farrell

David Farrell: "Brasil está na vanguarda das inovações tecnológicas" (Red Hat/Divulgação)

Para o executivo, uma das maiores oportunidades para a Red Hat é ajudar os clientes a desenvolver uma estratégia de IA que permita inovação de maneira estruturada, com uma plataforma integrada que seja escalável, gerenciável e segura.

"Nossa proposta de valor é tornar a IA mais acessível porque usamos tecnologias de código aberto que reduzem os preços. A capacidade de experimentar e adotar IA é algo que nós realmente fornecemos", diz.

O papel da confiança

Para os executivos, a confiança desempenha um papel central no modelo de negócios da Red Hat.

"Nós não possuímos propriedade intelectual em nossos produtos, o que nos torna únicos. O que vendemos é confiança e expertise, e é isso que nossos clientes mais valorizam", afirma Farrell. "Todo o nosso modelo de desenvolvimento é que sobre uma comunidade e ninguém é dono do produto. Isso será ainda mais importante à medida que avançamos na IA, porque os clientes veem isso como uma caixa de areia, um oceano. E eles ainda não sabem quais são os casos de uso", afirma.

A Red Hat, para ele, ao contrário de muitas empresas que oferecem soluções "prontas e engessadas", permite que os clientes experimentem, testem e desenvolvam suas próprias soluções. "Nosso modelo de engajamento é consultivo e colaborativo. Não fornecemos soluções prontas, mas sim a oportunidade de construir algo juntos, com base nas necessidades específicas de cada cliente", diz.

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