Repórter
Publicado em 11 de agosto de 2025 às 10h47.
Última atualização em 11 de agosto de 2025 às 10h54.
O presidente da 99Pay, Luiz Landgraff, afirma que a chegada do Pix parcelado, prevista para ser regulamentada pelo Banco Central em setembro, não deve significar o fim do cartão de crédito no Brasil. “Eu não acho que o cartão de crédito, agora com a entrada do Pix parcelado, vai acabar”, disse em entrevista à EXAME.
Na guerra do delivery, 99Food faz 1 milhão de entregas em 45 diasSegundo ele, a nova funcionalidade vai provocar um “balanceamento do mercado” e ampliar o poder de escolha do consumidor. “Ele vai sim trazer uma maior competitividade, e isso é importante, porque no final do dia quem ganha é o usuário”, afirmou. O executivo lembra que o cartão ainda oferece benefícios consolidados, como seguros, programas de milhas e regras de disputa bem definidas.
O Banco Central espera que o Pix parcelado tenha preços iguais ou menores que os do cartão, graças à ausência de tarifas de maquininhas e ao pagamento instantâneo aos comerciantes. Para Luiz, o sucesso dependerá da forma como bancos e fintechs estruturarem suas ofertas.
“Dependendo do perfil do seu usuário e das ofertas que você consiga oferecer, ele vai ter um poder de escolha: para esse compra prefiro cartão, para essa o parcelamento via PIX”, disse o executivo, que vê o modelo de cartões como “bem estruturado” e não acredita em um cenário “apocalíptico” para o setor.
Luiz Landgraff: CEO da 99Pay (Divulgação)
No cargo desde o início de 2025, Luiz tem liderado uma investida de crescimento na base de usuários, que atingiu 23 milhões de pessoas, um avanço de cerca de 40% em 12 meses. Em volume de transações via Pix, principal produto financeiro da empresa, o crescimento foi de 70%. O número de operações aumentou 50% no período.
Mesmo com a popularização do Pix, a 99Pay também viu alta de 17% nos pagamentos com boleto, contrariando previsões de queda desse meio de pagamento. A estratégia tem sido trazer usuários do serviço de mobilidade da 99 para a conta digital, incentivando o uso recorrente e o cruzamento de produtos como pagamento de boletos, recargas e compra de gift cards.
Para tal, a fintech aposta no uso de dados internos — tanto da própria 99Pay quanto da operação de mobilidade — para melhorar a análise de risco e personalizar ofertas. A integração com o open finance também é vista como estratégica, com a empresa participando das três fases do projeto regulatório — que incluem o compartilhamento de dados cadastrais e de produtos financeiros (fase 1), o acesso a dados transacionais, como histórico de movimentações e operações de crédito (fase 2), e a iniciação de transações de pagamento a partir de diferentes plataformas (fase 3).
No crédito, foco recente após a obtenção da licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD), a 99Pay prioriza consumidores das classes C, D e E, que frequentemente recorrem a empréstimos para emergências financeiras. Luiz explica que a personalização vai além do limite pré-aprovado: “Posso oferecer, por exemplo, um Pix parcelado no momento em que o cliente identifica uma compra vantajosa à vista”, disse.
O uso de inteligência artificial na operação já ocorre há anos, com aplicações na prevenção de fraudes e na análise de comportamento. A meta agora é reduzir o tempo de resposta para concessão de crédito e avançar para ofertas em tempo real.
Em 2025, a 99Pay completa cinco anos. A empresa está distribuindo R$ 50 milhões em cupons promocionais, com prêmios que podem chegar a R$ 5 mil por usuário. A campanha “festa remunerada” se conecta ao conceito de “vida remunerada” da fintech, que oferece rendimento de 100% do CDI para saldos em conta e cashback em missões como pagamento de corridas, boletos e compras.