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Pix parcelado não decreta fim do cartão de crédito, afirma presidente da 99Pay

Com 23 milhões de usuários e alta de 70% no volume de transações via Pix, fintech do grupo 99 completa cinco anos e aposta em promoções, crédito personalizado e a nova funcionalidade do Banco Central para ampliar competitividade no mercado de pagamentos

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 11 de agosto de 2025 às 10h47.

Última atualização em 11 de agosto de 2025 às 10h54.

O presidente da 99Pay, Luiz Landgraff, afirma que a chegada do Pix parcelado, prevista para ser regulamentada pelo Banco Central em setembro, não deve significar o fim do cartão de crédito no Brasil. “Eu não acho que o cartão de crédito, agora com a entrada do Pix parcelado, vai acabar”, disse em entrevista à EXAME.

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Segundo ele, a nova funcionalidade vai provocar um “balanceamento do mercado” e ampliar o poder de escolha do consumidor. “Ele vai sim trazer uma maior competitividade, e isso é importante, porque no final do dia quem ganha é o usuário”, afirmou. O executivo lembra que o cartão ainda oferece benefícios consolidados, como seguros, programas de milhas e regras de disputa bem definidas.

O Banco Central espera que o Pix parcelado tenha preços iguais ou menores que os do cartão, graças à ausência de tarifas de maquininhas e ao pagamento instantâneo aos comerciantes. Para Luiz, o sucesso dependerá da forma como bancos e fintechs estruturarem suas ofertas.

“Dependendo do perfil do seu usuário e das ofertas que você consiga oferecer, ele vai ter um poder de escolha: para esse compra prefiro cartão, para essa o parcelamento via PIX”, disse o executivo, que vê o modelo de cartões como “bem estruturado” e não acredita em um cenário “apocalíptico” para o setor.

Luiz Landgraff: CEO da 99Pay (Divulgação)

Crescimento e base de usuários

No cargo desde o início de 2025, Luiz tem liderado uma investida de crescimento na base de usuários, que atingiu 23 milhões de pessoas, um avanço de cerca de 40% em 12 meses. Em volume de transações via Pix, principal produto financeiro da empresa, o crescimento foi de 70%. O número de operações aumentou 50% no período.

Mesmo com a popularização do Pix, a 99Pay também viu alta de 17% nos pagamentos com boleto, contrariando previsões de queda desse meio de pagamento. A estratégia tem sido trazer usuários do serviço de mobilidade da 99 para a conta digital, incentivando o uso recorrente e o cruzamento de produtos como pagamento de boletos, recargas e compra de gift cards.

Para tal, a fintech aposta no uso de dados internos — tanto da própria 99Pay quanto da operação de mobilidade — para melhorar a análise de risco e personalizar ofertas. A integração com o open finance também é vista como estratégica, com a empresa participando das três fases do projeto regulatório — que incluem o compartilhamento de dados cadastrais e de produtos financeiros (fase 1), o acesso a dados transacionais, como histórico de movimentações e operações de crédito (fase 2), e a iniciação de transações de pagamento a partir de diferentes plataformas (fase 3).

No crédito, foco recente após a obtenção da licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD), a 99Pay prioriza consumidores das classes C, D e E, que frequentemente recorrem a empréstimos para emergências financeiras. Luiz explica que a personalização vai além do limite pré-aprovado: “Posso oferecer, por exemplo, um Pix parcelado no momento em que o cliente identifica uma compra vantajosa à vista”, disse.

O uso de inteligência artificial na operação já ocorre há anos, com aplicações na prevenção de fraudes e na análise de comportamento. A meta agora é reduzir o tempo de resposta para concessão de crédito e avançar para ofertas em tempo real.

Em 2025, a 99Pay completa cinco anos. A empresa está distribuindo R$ 50 milhões em cupons promocionais, com prêmios que podem chegar a R$ 5 mil por usuário. A campanha “festa remunerada” se conecta ao conceito de “vida remunerada” da fintech, que oferece rendimento de 100% do CDI para saldos em conta e cashback em missões como pagamento de corridas, boletos e compras.

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