Repórter
Publicado em 13 de março de 2025 às 17h03.
Última atualização em 13 de março de 2025 às 17h18.
Seja para abrir uma conta bancária, embarcar em um voo ou solicitar um benefício do governo, a identidade de um cidadão precisa ser confirmada. Mas, no Brasil, esse processo sempre foi fragmentado. Cada estado emitia seu próprio RG, enquanto a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) acabou sendo usada como documento principal por falta de uma alternativa mais confiável.
É nesse cenário que a Valid, empresa responsável pela emissão de grande parte dos documentos físicos do país, quer liderar uma revolução na identidade digital. Apostando em biometria, integração de dados e segurança, a companhia busca tornar a autenticação mais eficiente e reduzir fraudes.
“Nosso papel vai além de imprimir documentos. Estamos construindo a base para um sistema de autenticação mais seguro e integrado”, afirma Ilson Bressan, CEO da Valid.
Os impactos financeiros dessa mudança já aparecem. Em 2024, os novos negócios da Valid — que incluem identidade digital, governo digital e mobile — faturaram R$ 216 milhões, um crescimento de 300% em relação ao ano anterior. A receita total da empresa chegou a R$ 2,17 bilhões, com lucro líquido recorde de R$ 381 milhões.
Ilson Bressan, CEO da Valid: a empresa teve um crescimento de 300% em novos negócios, que inclui Governo Digital, soluções de Mobile e onboarding virtual
O primeiro passo dessa transformação veio com a Carteira de Identidade Nacional (CIN), documento padronizado vinculado ao CPF que começou a ser emitido em 2022. Com QR Code de validação, a CIN impede a duplicidade de registros e facilita a verificação da identidade dos cidadãos.
A Valid já responde por 60% das emissões de RGs e 80% das CNHs no Brasil e agora quer expandir seu ecossistema de identidade digital. O objetivo é conectar bases de dados — como cadastros bancários, registros da Aneel e informações governamentais — para reduzir fraudes e simplificar processos.
“Ainda temos um problema sério de informações desencontradas. Hoje, uma pessoa pode ter um endereço cadastrado no banco, outro na Receita Federal e um terceiro no Detran”, explica Bressan.
Além da modernização, a digitalização tem impacto econômico direto. Melhorar a infraestrutura de identidade digital fortalece a segurança e o acesso ao crédito, além de evitar desperdícios bilionários em políticas públicas.
No Bolsa Família, fraudes e inconsistências nos cadastros resultam em desperdícios anuais que chegam aos bilhões. No INSS, as perdas com benefícios irregulares podem ultrapassar R$ 40 bilhões por ano. O recadastramento biométrico e a identidade digital ajudam a evitar esse tipo de prejuízo.
Com as novas apostas, a expectativa da Valid é que, até 2030, metade da sua receita venha dos negócios digitais, atingindo cerca de R$ 4 bilhões.