Samsung: contrato ocorre em meio à pressão por demanda de chips para inteligência artificial (AFP/Divulgação)
Repórter
Publicado em 28 de julho de 2025 às 06h00.
Última atualização em 28 de julho de 2025 às 06h23.
A Samsung fechou um contrato de US$ 16,5 bilhões com a Tesla para a produção de semicondutores de inteligência artificial (IA). As informações foram divulgadas pela Bloomberg.
O acordo, anunciado nesta segunda-feira, 28, será válido até 2033 e representa um avanço relevante para a divisão de fundição da fabricante sul-coreana, que vinha apresentando resultados abaixo do esperado.
O plano prevê a construção de uma nova fábrica em Taylor, no Texas, dedicada à fabricação do chip AI6 de próxima geração da Tesla. A informação foi confirmada pelo presidente da Tesla, Elon Musk, em publicação no X (antigo Twitter), após reportagem da Bloomberg News. Musk afirmou que "a importância estratégica disso é difícil de exagerar" e que o valor divulgado pela Samsung seria "apenas o mínimo necessário. A produção real provavelmente será várias vezes maior".
As ações da Samsung registraram alta de 6,8% na bolsa de Seul, atingindo o maior nível desde setembro. Fornecedores da empresa, como a Soulbrain Co., também tiveram ganhos expressivos, chegando a subir até 16%. A companhia não comentou oficialmente o contrato, citando cláusulas de confidencialidade.
Elon Musk, CEO e cofundador da Tesla, acompanhará pessoalmente a operação da linha de produção dos chips, com autorização para contribuir na otimização dos processos. O chip AI6 será parte fundamental do sistema de direção autônoma dos veículos da Tesla, enquanto a Samsung já é responsável pelo fornecimento do atual chip AI4.
O contrato foi firmado em um momento de transição para a Samsung. O presidente-executivo Jay Y. Lee havia sido recentemente inocentado de acusações legais pendentes, e a divisão de fundição enfrentava desafios por falta de demanda suficiente para operar em plena capacidade. A empresa adiou para 2026 a conclusão das obras de outra fábrica no Texas.
De acordo com Vey-Sern Ling, diretor da Union Bancaire Privee em Singapura, "o negócio de fundição deles tem sido deficitário e enfrenta dificuldades com a subutilização, então isso ajudará muito". Ele acrescentou que "os negócios da Tesla também podem ajudá-los a atrair outros clientes".
O novo contrato reforça a posição da Samsung na disputa com a Taiwan Semiconductor Manufacturing Co. (TSMC), líder global no setor. A TSMC detinha 67,6% do mercado mundial de fundição no primeiro trimestre, enquanto a participação da Samsung caiu para 7,7%, segundo a consultoria TrendForce, sediada em Taipei.
A Samsung e a TSMC avançam para a produção de semicondutores de 2 nanômetros, etapa considerada estratégica para a próxima geração de chips. Analistas de mercado avaliam que o acordo com a Tesla pode servir como um catalisador para melhorias tecnológicas na linha de fundição da empresa sul-coreana. Ryu Young-ho, da NH Investment & Securities Co., afirmou que o contrato, apesar de representar uma parcela pequena da receita anual, fortalece a reputação da Samsung como principal alternativa à TSMC.
Estimativas apontam que o acordo com a Tesla, que vai de 2025 a 2033, pode gerar um crescimento de até 10% ao ano nas vendas de fundição da Samsung.