Harpia: a ampliação tecnológica permitirá resultados mais rápidos e precisos para os desafios de operação em águas ultraprofundas e novas áreas exploratórias (Petrobras/Divulgação)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 13 de outubro de 2025 às 14h05.
A Petrobras colocou em operação o supercomputador Harpia, uma máquina equivalente a 10 milhões de celulares ou 200 mil notebooks. A tecnologia será usada especialmente no imageamento sísmico de subsuperfície, área estratégica para exploração e produção de petróleo no pré-sal e na Margem Equatorial.
Com investimento de R$ 435 milhões, o equipamento é o maior de um lote de cinco novos supercomputadores comprados pela estatal, que juntos custaram R$ 500 milhões e ampliarão a capacidade computacional em mais de 60%. Segundo a estatal, o gigante tecnológico será fundamental para manter a Petrobras na liderança da companhia em capacidade de processamento na América Latina. Os cinco supercomputadores foram adquiridos da Lenovo, empresa vencedora da licitação.
O novo HPC (High Performance Computer) será utilizado pelos geofísicos da Petrobras para processar dados sísmicos brutos e transformá-los em imagens detalhadas do subsolo.
"É como criar um mapa 3D das camadas rochosas abaixo da superfície, com imagens muito mais nítidas e precisas das estruturas geológicas, essenciais para identificar o sistema petrolífero e potenciais reservatórios de petróleo e gás", diz Sylvia Anjos, diretora de Exploração e Produção da Petrobras.
A ampliação tecnológica permitirá resultados mais rápidos e precisos para os desafios de operação em águas ultraprofundas e novas áreas exploratórias, como o pré-sal e a Margem Equatorial.
"Obter imagens sísmicas mais detalhadas da subsuperfície nos permite refinar a simulação do comportamento dos reservatórios, possibilitando uma produção mais eficiente", afirma Clarice Coppetti, diretora de Assuntos Corporativos.
O Harpia pesa cerca de 50 toneladas e mede 50 metros de comprimento, considerando todas as partes em linha reta. Terá capacidade de aproximadamente 146 PFlops Rpeak (Petaflops), o que equivale a 1 quatrilhão de operações por segundo.
Segundo a Petrobras, o equipamento será alimentado exclusivamente por energia renovável. "O projeto buscou maximizar a eficiência energética e de refrigeração, incluindo o reuso de água", afirma porta-voz da empresa.
Além de consumirem muita energia em seu funcionamento, supercomputadores também fazem uso de sistemas de refrigeração de alta demanda energética e de água.
Para contornar isso, a Petrobras diz que foi criado um ambiente isolado específico para o Harpia e projetado para permitir a operação com o menor consumo de energia e água.
Entre 2025 e 2029, a Petrobras prevê investir US$ 4,2 bilhões em projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), crescimento de 17% em relação ao plano anterior.
Para a estatal, este investimento se tornará faturamento. "O Harpia visa geração de imagens que vão facilitar a descoberta de novos campos de petróleo, bem como otimizar a sua produção. Estas descobertas podem agregar reservas valiosas ao longo do tempo", diz porta-voz.
A Petrobras é campeã da América Latina nos últimos cinco anos no ranking Top500.org, que avalia os maiores High Performance Computers do mundo.
Os outros supercomputadores já estão em diferentes estágios de implementação. O Ada Lovelace, dedicado à geoestatística, e o Capivara, voltado para imagens sísmicas, já operam no Centro de Processamento de Dados do Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes).
O Quati, em fase de testes, deve iniciar operações este mês, também focado em análise sísmica. Já o Tupã 2, previsto para o primeiro trimestre de 2026, será dedicado aos métodos geofísicos de multifísica, tecnologia que permite o estudo simultâneo de diferentes propriedades de rochas e fluidos em subsuperfície.