Flytrex: startup israelense especializada em logística aérea e agora parceira da Uber (Flytrex/Reprodução)
Repórter
Publicado em 18 de setembro de 2025 às 15h46.
Última atualização em 18 de setembro de 2025 às 15h55.
A Uber voltará a testar o uso de drones para entregas do Uber Eats nos Estados Unidos ainda neste ano, em um movimento que marca a retomada de uma ideia engavetada desde 2019.
A iniciativa será feita em parceria com a Flytrex, startup israelense especializada em logística aérea, que também recebeu um investimento minoritário da Uber — sem valor revelado.
A decisão ocorre em um momento em que a empresa americana tenta reaproximar-se de tecnologias que já chegaram a ser desenvolvidas internamente, mas depois foram descontinuadas.
Entre elas estão os carros autônomos, hoje oferecidos em parceria com a Waymo em cidades como Atlanta, e o projeto de incluir táxis aéreos elétricos na sua plataforma nos próximos anos.
Em 2019, a Uber chegou a realizar testes de entregas com drones, mas abandonou a iniciativa diante de restrições regulatórias. No ano seguinte, vendeu sua divisão de aviação, a Elevate, para a Joby Aviation, focada em aeronaves elétricas de decolagem vertical.
Agora, com um ambiente regulatório mais flexível, o cenário mudou. Empresas como a Zipline já operam serviços regulares de entrega aérea em algumas regiões dos EUA, e a própria Flytrex afirma ter realizado mais de 200 mil entregas no país. A startup também mantém acordo com a DoorDash, rival direto do Uber Eats.
A retomada do projeto de drones revela como a Uber vem apostando em alianças para retomar frentes tecnológicas que havia deixado de lado. No caso dos carros autônomos, a companhia já abriu mão do desenvolvimento interno e agora opera com parceiros. Com os drones, o caminho segue o mesmo: em vez de manter um time próprio, a empresa se apoia na expertise de uma startup especializada.
O novo movimento também reflete um ambiente mais propício para que aeronaves não tripuladas se tornem parte da rotina logística nos EUA. Desde 2023, a Administração Federal de Aviação (FAA) tem ampliado autorizações para operações além da linha de visão do operador, condição essencial para viabilizar serviços comerciais em larga escala.
Ainda assim, há barreiras. Custos, aceitação dos consumidores e limitações técnicas — como tempo de voo e capacidade de carga — podem atrasar a adoção plena. Para empresas como a Uber, que baseiam seu modelo em escala, o desafio é transformar pilotos pontuais em uma rede confiável de entregas.
Enquanto isso, concorrentes já acumulam experiência prática. A Flytrex, fundada em 2013, opera em cidades de médio porte e foca em trajetos curtos, enquanto a Zipline se especializou em longas distâncias e entregas médicas. Ao se associar à Flytrex, a Uber sinaliza que pretende disputar o espaço urbano — onde está a maior parte da demanda do Uber Eats.