22 de abril de 2025 às 20:37
A prática de sonegar impostos é tão antiga quanto a cobrança deles. No entanto, um estudo recente mostrou que, durante o Império Romano, a evasão fiscal era levado muito a sério, com penas que iam desde pesadas multas até o exílio permanente — e, nos casos mais extremos, a morte
A revelação veio após a tradução e o exame de um documento que narra um desses acontecimentos.
O relato do crime foi encontrado em um papiro no Deserto da Judeia.
Após examinar o artefato, os estudiosos constataram que os infratores orquestraram um esquema envolvendo falsificação de documentos e liberação ilegal de escravizados — prática que tinha como objetivo driblar a cobrança de impostos nas províncias romanas da Judeia e da Arábia
Os responsáveis pela fraude já eram conhecidos das autoridades. Um deles, chamado Gadálias, possuía conexões com a elite administrativa e acumulava condenações por falsificação e extorsão. Também era conhecido por cometer furtos e ignorar convocações judiciais.
O outro envolvido era Saulo, apontado como o cérebro por trás da operação e descrito como “amigo e colaborador” de Gadálias. Com base nos nomes e na localização dos fatos, os pesquisadores acreditam que ambos eram judeus.
Possível envolvimento com levante contra o Império Romano
O crime ocorreu em uma fase conturbada da história. Durante o governo do imperador Adriano, o líder rebelde Simão bar Kochba comandou uma insurreição contra os romanos que culminou em uma guerra. Após a repressão da revolta, a população judaica foi forçada a se dispersar
“É possível que sonegadores como Gadálias e Saulo, que demonstravam desrespeito à ordem romana, tenham participado dos preparativos [da revolta]”, afirmou a historiadora Anna Dolganov, responsável por decifrar o manuscrito, ao jornal norte-americano New York Times.
Segundo Dolganov, o papiro pode ter sido descoberto na década de 1950 por beduínos que negociavam antiguidades. Ela acredita que o material tenha sido escondido em Nahal Hever, um cânion situado a oeste do Mar Morto, conhecido por ter servido de refúgio a seguidores de Bar Kochba