Exame IN

O verdadeiro ‘Liberation Day’: Fim do controle cambial faz ativos dispararem na Argentina

Natalia Viri

14 de abril de 2025 às 15:46

JUAN MABROMATA / AFP/

Ações e títulos soberanos na Argentina disparam nesta segunda-feira, depois que o governo surpreendeu o mercado ao anunciar o fim do controle cambial que vigorava desde 2019 no país.

Num movimento que o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de Exame) apelidou de o verdadeiro ‘Liberation Day’– em contraposição às políticas protecionistas de Donald Trump –, a moeda local vai poder flutuar dentro de uma faixa entre 1000 e 1400 por dólar.

O governo também está permitindo que todas as exportações em dólar sejam liquidadas no mercado de câmbio oficial da Argentina em vez de um sistema misto – e engessado – que vigorou por anos.

As companhias também vão poder finalmente remeter para fora dividendos relacionados a este ano, enquanto os proventos acumulados ao longo dos últimos anos ainda vão ter um calendário mais extenso para liberação.

Com isso, a expectativa é que o gap entre o dólar oficial e o famoso ‘dólar blue’ deva se fechar para um dígito baixo, na avaliação do BTG.

/AFP

O movimento veio no bojo de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e uma série de organizações multilaterais que prevê uma injeção de US$ 20 bilhões para a economia argentina, dos quais US$ 15 bilhões entram já este ano e US$ 12 bilhões chegam na terça-feira.

“O tamanho e o desembolso à frente são maiores do que a estimativa do consenso, o que também deve ajudar o momentum para os ativos da Argentina”, disse Carlos Carranza, gestor de dívida para mercados emergentes no Allianz Global Investors, em Londres, em entrevista à Bloomberg.

null/

Investidores já vinham defendendo que a Argentina deveria abandonar o controle cambial, pois o país precisa de acumulação de reservas em moeda forte, necessária para sustentar o peso e honrar os pagamentos da dívida externa.

Tomas Cuesta/AFP

Mas a verdade é que pouca gente esperava que Javier Milei conseguisse um acordo para sustentar essa medida antes das eleições legislativas previstas para o segundo semestre deste ano.

“Gostamos da nova abordagem do governo. O framework anterior já estava sem fôlego, com o mercado questionando a sustentabilidade da política cambial mesmo antes do anúncio das tarifas de Trump, que aumentaram a incerteza ainda mais.”

Leia mais em Exame INSIGHT