11 de abril de 2025 às 18:33
Levar a fabricação do iPhone da China para os Estados Unidos não deve acontecer tão cedo — e a mudança poderia triplicar o preço dos smartphones da Apple. Essa preocupação surge em meio à intensificação da guerra comercial entre os dois países.
Nesta quinta-feira, 10, o presidente Donald Trump anunciou uma tarifa de 145% sobre produtos chineses, atingindo diretamente a China, o principal polo de fabricação dos iPhones. Em resposta, o governo chinês elevou para 125% as tarifas sobre produtos americanos.
A medida faz parte da estratégia de Trump para fortalecer a indústria doméstica, uma das bandeiras centrais de sua gestão. Dentro desse contexto, ele vem pressionando para que a Apple traga a fabricação de seus dispositivos para os EUA.
A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, declarou nesta semana o plano da empresa de investir US$ 500 bilhões no país até 2028 como sinal de avanço nessa direção.
Por que iPhones ficarão mais caros?
A Casa Branca afirmou esta semana que o Trump acredita que os EUA têm a força de trabalho e os recursos para fabricar iPhones no país.
O CEO da Apple, Tim Cook, e ninguém mais na empresa de tecnologia se manifestou para apoiar essa afirmação, mas analistas que acompanham a Apple dizem que a ideia de um iPhone fabricado nos EUA é, na pior das hipóteses, impossível e, na melhor das hipóteses, muito cara.
O analista do Bank of America, Wamsi Mohan, disse que o iPhone 16 Pro, que atualmente custa US$ 1.199 no país, poderia aumentar 25% apenas com base nos custos de mão de obra. Isso o tornaria um dispositivo de aproximadamente US$ 1.500.
Em entrevista à CNBC, Dan Ives, analista da empresa de investimentos Wedbush Securities, estimou que a Apple precisaria gastar US$ 30 bilhões em três anos para transferir 10% de sua cadeia de suprimentos para os EUA.
Atualmente, a Apple fabrica mais de 80% de seus produtos na China. Esses produtos agora recebem um imposto de 145% quando importados para os EUA, após as tarifas de Trump entrarem em vigor esta semana.
Especialistas afirmam que a produção de iPhones com etiqueta Made in the USA (“Feito nos EUA”, numa tradução livre) enfrentaria sérios desafios, que vão desde encontrar e pagar uma mão de obra americana até os custos tarifários que a Apple incorreria ao importar peças para os EUA
A Apple faz os projetos de seus produtos na sede em Cupertino, na Califórnia, mas eles são produzidos por fabricantes terceirizados, como a Foxconn, a principal fornecedora da empresa.
Mesmo que a Apple investisse pesado para que a Foxconn ou outro parceiro concordasse em fabricar alguns iPhones nos EUA, levaria anos para construir as fábricas e instalar o maquinário, e não há garantia de que a política comercial dos EUA não mude novamente.