12 de fevereiro de 2025 às 12:31
A Bombril entrou com pedido de recuperação judicial nesta semana. A empresa, conhecida pelas esponjas de aço e produtos de limpeza, busca proteção para renegociar suas dívidas e evitar a falência.
Seus passivos tributários somam R$ 2,3 bilhões e tem obrigações financeiras com vencimentos antecipados que podem chegar a R$ 220 milhões. Entre os principais credores estão Banco ABC Brasil, C6 Bank, Banco Daycoval e Tribanco.
O pedido reflete um cenário mais amplo. Em 2024, o Brasil registrou 2.273 recuperações judiciais, o maior número da série histórica da Serasa Experian. No caso da Bombril, o pedido é consequência de um longo histórico de problemas financeiros.
Nos anos 1990, após a morte do fundador Roberto Ferreira, a Bombril foi vendida para o grupo italiano que adotou práticas financeiras arriscadas, como transferência de recursos para a compra de títulos da dívida americana e argentina.
A operação chamou atenção da Receita Federal, que autuou a empresa em valores bilionários. Mesmo após anos de disputas judiciais, os débitos continuaram afetando a estrutura financeira da Bombril.
Em 2002, a crise se aprofundou. A Cragnotti & Partners deixou de cumprir compromissos assumidos na compra da empresa, o que levou um dos herdeiros do fundador a acionar a Justiça. A família Ferreira só retomou o controle da Bombril em 2006.
Nos últimos anos, a Bombril enfrentou dificuldades para acessar crédito. Com restrições no mercado financeiro, a empresa passou a recorrer a empréstimos de curto prazo com condições desfavoráveis.
Em 2023, a Bombril pagava juros médios de 24% ao ano, enquanto 77% da sua dívida tinha vencimento inferior a 12 meses. Sem crédito de longo prazo, a capacidade de investimento ficou limitada.
A empresa perdeu participação de mercado em segmentos estratégicos, como desinfetantes, lã de aço, sapólio e amaciantes. Sem capacidade de investir em marketing e inovação, a Bombril viu concorrentes avançarem enquanto tentava equilibrar suas finanças.
A situação piorou com a penhora de ativos essenciais, incluindo suas unidades industriais em São Bernardo do Campo (SP), Sete Lagoas (MG) e Abreu e Lima (PE). em esses bens livres para garantir novos financiamentos, a capacidade de expansão ficou ainda mais limitada.