Biometano na Copersucar: Hoje, toda usina já tem a matéria-prima necessária para produzir o biometano, diz CEO
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 12 de outubro de 2025 às 07h05.
A Copersucar, cooperativa do setor sucroenergético, planeja investir R$ 8 bilhões em biometano nos próximos dez anos. Segundo Tomas Manzano, presidente da empresa, a expectativa é de que esses investimentos passem a integrar a economia circular dentro do ecossistema da cooperativa.
"É mais uma agregação de valor no conjunto de produtos gerados pelo setor, a partir do resíduo que já temos disponível. Hoje, toda usina já tem a matéria-prima necessária para produzir o biometano. Só precisa estabelecer esse processo intermediário para coletar o gás antes de direcionar esse material como fertilizante orgânico", afirma.
Manzano acredita que, nos próximos 10 anos, as 38 usinas da cooperativa estarão aptas a produzir o biocombustível. Segundo o executivo, o investimento médio que cada usina demanda para a produção do biometano pode variar entre R$ 200 e R$ 300 mil.
O biometano é um gás renovável que pode substituir combustíveis fósseis como gás natural e diesel. Ele é gerado a partir do processamento de biogás, obtido de resíduos orgânicos urbanos e agropecuários.
O mercado de biometano no Brasil pode atingir US$ 15 bilhões até 2040, representando 50% da demanda nacional de gás natural, de acordo com projeções da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME). Atualmente, a produção nacional de biometano é de cerca de 500 mil m³ por dia.
E é nessa tendência que a Copersucar pretende se posicionar. Para Manzano, o Brasil possui todos os elementos necessários para transformar o biometano em um motor da transição energética no país, como base tecnológica, matéria-prima abundante, infraestrutura logística e um arcabouço regulatório adequado.
"O biometano deve ser a nova fronteira do setor sucroenergético. Ele pode ser usado para gerar energia, substituir o óleo diesel e até o gás fóssil. Nossa estratégia agora é acelerar esse desenvolvimento", diz o executivo.
Segundo a Associação Brasileira do Biogás e Biometano (Abiogás), o potencial produtivo de biometano no Brasil é de 120 milhões de metros cúbicos por dia.
Deste total, 57,6 milhões de m³ estão no setor sucroenergético, 38 milhões de m³ na indústria de proteína animal, 18,2 milhões de m³ na agricultura e 6 milhões de m³ em outras atividades.
Um estudo realizado pela própria Copersucar aponta que a produção de biometano no Brasil pode mais do que triplicar nos próximos dois anos, passando dos atuais 656 mil metros cúbicos por dia para 2,3 milhões de m³/dia até 2027.
A pesquisa revela que o estado de São Paulo concentra atualmente 40% da capacidade instalada de produção de biometano no país, além de 31% dos projetos de expansão, com um potencial produtivo que pode atingir até 36 milhões de m³/dia no longo prazo.
"É questão de tempo para que todas as usinas comecem a produzir biometano, assim como fizeram com a energia elétrica de biomassa", diz o CEO.
Com 38 usinas no Brasil e 22 destilarias nos Estados Unidos, a Copersucar viu seu faturamento crescer 18,5% em 2024, alcançando R$ 27,5 bilhões, mesmo em um cenário volátil para o setor de açúcar e etanol.
Na edição deste ano dos Maiores & Melhores da EXAME, a Copersucar conquistou o primeiro lugar no segmento de cooperativas, em razão do seu desempenho no ano passado.
Para Manzano, o grande diferencial da empresa está na especialização e na visão de longo prazo. “O espírito empreendedor e a colaboração entre todos os envolvidos são características que nos distinguem. Isso resume bem a nossa abordagem competitiva”, afirma.