Quintais produtivos são áreas próximas às residências, geralmente em propriedades rurais, destinadas ao cultivo de diversas espécies de plantas, como hortaliças, frutas, ervas e plantas medicinais. Em alguns casos, esses espaços também abrigam pequenos animais.
Segundo Luiz Abel, diretor de negócios do BNB, a ideia é melhorar o saneamento básico na zona rural do Nordeste e expandir a capacidade produtiva da região.
"Não podemos aceitar que, ao oferecer acesso a crédito, ainda haja na zona rural muitas famílias sem acesso ao básico, como um banheiro. A intenção é melhorar a dignidade das pessoas", afirma Abel em entrevista à EXAME.
Com a medida, o banco espera alcançar 100 mil famílias na safra 2025/26. As primeiras unidades já começaram a ser construídas em várias regiões do Nordeste, segundo Abel.
Criado em 2005, ano em que Luiz Abel ingressou no banco, o Agroamigo é um dos principais programas do BNB.
Ele oferece microcrédito rural para pequenos produtores, com acompanhamento detalhado antes e após a concessão do crédito. Atualmente, a carteira ativa do programa soma R$ 15,4 bilhões.
De acordo com dados divulgados nesta quarta-feira, 16, pelo BNB, 52% das operações do Agroamigo foram realizadas por mulheres. Além disso, 84,13% dessas operações estão concentradas no semiárido, uma região com clima quente e seco e escassez de chuvas.
Inicialmente, os valores oferecidos eram modestos, variando de R$ 1 mil a R$ 6 mil até 2022. Recentemente, houve uma ampliação, permitindo que as famílias acessem até R$ 35 mil.
O crédito é destinado a microprodutores rurais de baixa renda, com juros subsidiados de 0,5% ao ano. Desde o início do programa, mais de 1,4 milhão de clientes ativos foram atendidos.
O Agroamigo segue como base o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) para definir o público-alvo e as condições de financiamento. Para a safra 2025/26, o programa terá R$ 9 bilhões.
A principal inovação do AgroAmigo, segundo Luiz Abel, está em sua metodologia de acompanhamento.
"Há um acompanhamento prévio para entender quem realmente se enquadra no programa. Realizamos um trabalho antes de liberar o crédito, acompanhando sua aplicação para garantir que o recurso seja utilizado de forma eficaz", explica.
O objetivo desse processo, afirma Abel, é assegurar que o crédito seja bem aplicado, contribuindo para o aumento da produtividade e gerando resultados concretos tanto para os produtores quanto para a economia local.
Nordeste na era digital
O banco também se prepara para uma incursão ainda maior na era digital com o AgroAmigo.
A estratégia busca facilitar o pagamento de boletos, contas e o acesso a dados produtivos diretamente pelo celular, visando atender aos microprodutores, afirma Luiz Sérgio Farias Machado, superintendente de Agronegócios e Microfinanças do BNB.
Além da questão digital, outro desafio são as cadeias produtivas locais. Segundo Abel, isso envolve não apenas oferecer crédito, mas também garantir que os produtores tenham acesso a mercados para comercializar seus produtos.
"É fundamental que o produtor tenha uma metodologia que permita produzir algo com sentido para aquela região, que tenha vocação", afirma Abel, destacando que a viabilidade econômica está diretamente ligada à capacidade de escoar a produção de forma eficiente.
A experiência de cadeias produtivas, como a produção de mel no Piauí, é um exemplo de como o programa pode ajudar a impulsionar economias locais, criando um ciclo de crescimento que vai além do simples acesso ao crédito, explica o executivo.
Atualmente, o AgroAmigo conta com mais de 1,7 milhão de clientes ativos. O programa realiza mais de 55,5 mil operações contratuais por mês.
A taxa de inadimplência do programa é de 2,3%, o que demonstra a eficiência na gestão do crédito rural, de acordo com Farias.
"Nossa missão não é só oferecer crédito, é apoiar a realização de um sonho", afirma o superintendente.