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Brasil pode vender mais cortes de carne aos EUA após tarifa cair, diz Abiec

Trump retirou tarifa de 10% sobre importações, mas taxa de 40% ao país permanece

Consumidor analisa cortes de carne em supermercado Costco, em Novato, Califórnia (Justin Sullivan/AFP)

Consumidor analisa cortes de carne em supermercado Costco, em Novato, Califórnia (Justin Sullivan/AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 17 de novembro de 2025 às 12h40.

A redução de tarifas de importação dos Estados Unidos, anunciada na sexta-feira, 14, poderá aumentar o fluxo de exportação de carne brasileira, bem como a variedade de cortes, avalia Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec).

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou uma tarifa extra geral de 10% sobre centenas de alimentos, incluindo carne. No entanto, o Brasil ainda está sujeito a uma tarifa de 40%, fora a taxa de cada produto. Assim, a taxa sobre a carne ficou em 66%. Os EUA são o segundo maior comprador do produto brasileiro, atrás apenas da China.

"A redução da tarifa alimenta a possibilidade de a gente aumentar um pouco esse fluxo e ampliar a gama de cortes que a gente pode mandar para os Estados Unidos", diz Perosa, que fez parte da comitiva empresarial brasileira durante a reunião dos presidentes Lula e Trump, na Malásia.

Tradicionalmente, o Brasil vende mais aos Estados Unidos cortes dianteiros e aparas, usadas para fazer hambúrgueres.

"Não dá para saber exatamente o volume que isso vai tomar, mas é uma questão que fica positiva para a gente. Mesmo com a tarifa de 76%, nós estávamos conseguindo exportar alguns cortes para os Estados Unidos", afirma.

Perosa, no entanto, aponta que a alta da tarifa, que subiu 50 pontos percentuais após agosto, fez o volume exportado pelo Brasil cair muito, de 50.000 toneladas por mês, no começo do ano, para 10.000 toneladas mensais.

Apesar do avanço atual, o presidente da entidade diz que "ainda há muito a ser discutido", para que a tarifa de 40% que ainda se mantém possa ser reduzida ou eliminada.

"Se retira 50, diminui muito a pressão; se retira 10, diminui um pouco a pressão, mas não haverá grande alteração nos preços locais nos Estados Unidos. Então, a pressão das empresas americanas deve continuar", afirma.

"Eu aposto muito no diálogo do governo brasileiro com o governo americano, porque a partir disso é que será decidida a retirada da tarifa, para que a gente possa voltar a exportar normalmente", diz Perosa.

"Quando há o destrave da questão política, retoma-se a negociação. Nós vivemos um momento positivo, com uma perspectiva muito melhor do que há 30 ou 40 dias. Procuro ser otimista. Em breve, vamos ter uma melhor definição sobre essa questão da tarifa brasileira", afirma.

Mercado rentável

Neste ano, os Estados Unidos enfrentaram problemas em seus rebanhos, o que reduziu a produção local de carne e aumentou os preços, o que abre possibilidade de mais ganhos para o Brasil.

"O preço da carne nos Estados Unidos está muito acima do mercado global. Então, vendemos a carne bovina para os Estados Unidos com um preço acima do que vendemos para a Ásia e União Europeia", diz Perosa.

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