Agência de notícias
Publicado em 22 de julho de 2025 às 21h10.
Uma contaminação inédita de ração por uma substância tóxica causou a morte de 284 cavalos nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Alagoas. O número foi atualizado nesta terça-feira pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), que menciona produtos da Nutratta Nutrição Animal Ltda.
A primeira denúncia ocorreu no dia 26 de maio, por meio da Ouvidoria oficial do ministério, que conduz a investigação dos fatos. De acordo com a pasta, os equinos que adoeceram ou vieram a óbito ingeriram produtos da empresa em todas as propriedades investigadas. Já os animais que não consumiram as rações permaneceram saudáveis, mesmo alojados nos mesmos ambientes.
Amostras coletadas e analisadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária (LFDA) constataram a detecção de alcaloides pirrolizidínicos — substâncias tóxicas, chamada de monocrotalina, e incompatíveis com a segurança alimentar animal — na ração.
— Esse é um caso único. Nunca, em toda a história do Ministério, havíamos identificado a presença dessa substância em ração para equinos. É a primeira vez que isso acontece — disse o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, após a revelação do caso. — Essa substância, mesmo em doses muito pequenas, pode causar problemas neurológicos e hepáticos graves. A legislação é clara: ela não pode estar presente em nenhuma hipótese.
A investigação aponta que a contaminação ocorreu por "falha no controle da matéria-prima, que continha resíduos de plantas do gênero crotalaria, responsáveis pela geração da monocrotalina".
A pasta afirma que instaurou processo administrativo fiscalizatório, lavrou auto de infração e determinou a suspensão cautelar da fabricação e comercialização de rações destinadas, inicialmente, a equídeos. Posteriormente, a medida foi estendida para rações de todas as espécies animais.
"Mesmo com a interdição determinada pelo Ministério, a empresa obteve na Justiça autorização para retomar parte da produção não destinada a equídeos. O Mapa já recorreu da decisão, apresentando novas evidências técnicas que reforçam o risco sanitário representado pelos produtos e a necessidade de manutenção das medidas preventivas adotadas", pondera o ministério.
Avaliado em 12 milhões, um dos garanhões mais premiados e valiosos do país morreu com suspeita de intoxicação por ração. Quantum de Alcatéia vivia no haras Nova Alcateia, em Alagoas, quando começou a apresentar sintomas graves.
— O Quantum era o cavalo mais espetacular da raça. O cavalo que mais prometia, que já tinha sido campeão brasileiro, campeão nacional. Participou de provas em alto nível. Estava dando uma produção extraordinária. Os filhos dele são extraordinários. Era uma das maiores promessas da raça — afirmou ao g1 Luciano Conceição, um dos proprietários do cavalo.
O animal morreu no dia 25 de junho e era da raça Mangalarga Marchador, de pelagem alazã e linhagem premiada. O animal, que estava a quatro meses de completar sete anos, era um investimento de um consórcio de acionistas — modelo muito comum no mercado de cavalos de elite. O negócio é firmado por investidores, que adquirem cotas de um único animal e dividem os custos e os lucros com o equíno.