Exportação de café: mesmo com a taxação, os Estados Unidos continuam sendo o maior comprador do café brasileiro no acumulado do ano (janeiro a setembro), diz Cecafé (Gerado por IA/Freepik)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 9 de outubro de 2025 às 16h51.
Última atualização em 9 de outubro de 2025 às 16h56.
As exportações de café do Brasil para os Estados Unidos caíram 53% em setembro de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, totalizando 333 mil sacas. Os dados foram divulgados pelo Conselho Nacional dos Exportadores de Café (Cecafé) nesta quinta-feira, 9.
“O declínio foi potencializado pelo tarifaço de 50% imposto pelo presidente americano, Donald Trump, sobre os cafés brasileiros, que impactou fortemente os embarques para os EUA, o maior consumidor mundial e principal importador do produto brasileiro”, disse em nota Márcio Ferreira, presidente do Cecafé.
Segundo o executivo, após a ligação entre os presidentes do Brasil e dos EUA nesta semana, o Cecafé solicitou uma reunião com o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, que lidera o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, para reforçar a relevância e a interdependência dos dois países no mercado de café.
Além de ser o maior produtor mundial de café, o Brasil responde por 30% do market share de café nos EUA, segundo dados do Departamento de Estatísticas dos EUA, o que o posiciona como principal fornecedor do grão para o país, especialmente do tipo arábica. Em 2024, 83% do café desembarcado nos EUA era arábica.
No ano passado, os EUA representaram 16,1% de todas as exportações de café do Brasil, correspondendo, em termos de receita, a cerca de US$ 2 bilhões.
No total, o Brasil exportou 3,750 milhões de sacas de 60 kg de todos os tipos de café em setembro, recuo de 18,4% em relação ao mesmo mês de 2024. Por outro lado, a receita cambial cresceu 11%, atingindo US$ 1,369 bilhão.
Nos três primeiros meses da safra 2025/26, a performance segue padrão similar ao ciclo anterior: os embarques de café brasileiro caíram 20,6%, totalizando 9,676 milhões de sacas, enquanto a receita avançou 12%, alcançando US$ 3,521 bilhões.
Mesmo com a taxação, os Estados Unidos continuam sendo o maior comprador do café brasileiro no acumulado do ano (de janeiro a setembro). Segundo o Cecafé, o país importou 4,361 milhões de sacas, correspondendo a 15% dos embarques totais do Brasil nesse período.
Em seguida aparecem: Alemanha, com 3,727 milhões de sacas (-30,5%); Itália, com 2,324 milhões de sacas (-23,3%); Japão, com 1,891 milhão de sacas (+15%); e Bélgica, com 1,703 milhão de sacas (-48,8%).
Nos primeiros nove meses de 2025, o café arábica se mantém como a espécie mais exportada pelo Brasil, com 23,2 milhões de sacas, representando 79,7% do total.
A espécie canéfora (conilon + robusta) aparece na sequência, com 3,062 milhões de sacas (10,5% do total), seguida pelo café solúvel, com 2,799 milhões de sacas (9,6%), e pelo segmento de café torrado e moído, com 43.644 sacas (0,1%).