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Exportações de café caem 28% em julho, mas preços altos garantem receita recorde

Queda no volume embarcado foi compensada por valorização da commodity, segundo Cecafé

Safra 2025/26: de janeiro a julho, o Brasil exportou 22,150 milhões de sacas de café, queda de 21,4% na comparação anual (Freepik)

Safra 2025/26: de janeiro a julho, o Brasil exportou 22,150 milhões de sacas de café, queda de 21,4% na comparação anual (Freepik)

Publicado em 13 de agosto de 2025 às 10h07.

As exportações brasileiras de café somaram 2,733 milhões de sacas de 60 quilos em julho, primeiro mês da safra 2025/26, recuo de 27,6% frente ao mesmo mês de 2024, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgados nesta terça-feira, 12.

Segundo Márcio Ferreira, presidente do Cecafé, a retração já era esperada, após exportações recordes em 2024, estoques reduzidos e uma safra sem excedentes, com o potencial produtivo total impactado pelo clima.

Apesar do menor volume, o faturamento de julho atingiu US$ 1,033 bilhão, alta de 10,4% e recorde histórico para o mês. Ferreira destacou que o resultado foi sustentado pelos preços elevados no mercado internacional, influenciados pelo equilíbrio frágil entre oferta e demanda ou até por um leve déficit na disponibilidade global de café.

Exportações até julho

De janeiro a julho, o Brasil exportou 22,150 milhões de sacas, queda de 21,4% na comparação anual. O faturamento, porém, cresceu 36%, chegando a US$ 8,555 bilhões, também o maior valor já registrado para o período.

Os Estados Unidos seguem como principal comprador, com 3,713 milhões de sacas importadas nos sete primeiros meses de 2025, queda de 17,9% sobre igual intervalo de 2024, o equivalente a 16,8% das exportações brasileiras no período.

Ferreira afirmou que o impacto do tarifaço de 50% imposto pelo governo americano só deverá ser sentido a partir de agosto, quando a medida passou a valer.

Na sequência, a Alemanha importou 2,656 milhões de sacas, redução de 34,1% em relação ao mesmo período do ano passado. A Itália adquiriu 1,733 milhão de sacas (-21,9%), o Japão importou 1,459 milhão (+11,5%) e a Bélgica, 1,374 milhão (-49,4%).

Principais variedades

O arábica foi a variedade mais exportada, com 17,94 milhões de sacas entre janeiro e julho (-13,3%), representando 81% do total embarcado.

O café solúvel respondeu por 2,229 milhões de sacas (10,1%), seguido pelo canéfora (conilon e robusta), com 1,949 milhão (8,8%), e pelo café torrado e moído, com 31.755 sacas (0,1%).

Os cafés com certificação de sustentabilidade ou qualidade superior representaram 21,5% das exportações no acumulado do ano, com 4,759 milhões de sacas (-8,8%). O preço médio foi de US$ 425,78 por saca, gerando receita de US$ 2,026 bilhões, alta de 57,8%.

Os EUA também lideraram a compra de cafés especiais, com 871.972 sacas (18,3% do total), seguidos por Alemanha (12,7%), Bélgica (11,2%), Holanda (7,7%) e Itália (6,2%).

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