Repórter
Publicado em 11 de setembro de 2025 às 17h06.
Última atualização em 11 de setembro de 2025 às 17h44.
O greening, doença causada por bactérias transmitidas pelo inseto (psilídeo) asiático dos citros, infectou 47,6% do cinturão cítrico de São Paulo e Minas Gerais, de acordo com novos dados divulgado nesta quarta-feira pelo Fundecitrus, grupo de pesquisa financiado pela indústria.
Segundo o órgão, o índice representa um aumento de 7,4% em relação a 2024, quando a incidência foi de 44,35%. Mas, pelo segundo ano consecutivo, observou-se uma desaceleração no ritmo de aumento da incidência de greening.
O crescimento de 7,4% projetado para 2024-2025 representa um avanço bem mais modesto em comparação aos anos anteriores, quando o aumento foi de 16,5% de 2023 para 2024 e de 55,9% de 2022 para 2023.
Com a remuneração mais vantajosa pela caixa da laranja em 2023 e 2024, até mesmo pomares com baixa produtividade se tornaram viáveis, resultando em uma maior resistência à eliminação de plantas doentes, mesmo aquelas já produtivas.
Como resultado, a maior incidência de greening continua a ser observada nos pomares com mais de 10 anos (58,43% das árvores desse grupo estão contaminadas), seguidos pelos pomares de 6 a 10 anos (57,79%), de 3 a 5 anos (39,18%) e, por último, os de 0 a 2 anos (2,72%).
Por outro lado, a incidência de greening foi reduzida em 54,1% nos pomares de 0 a 2 anos e 17,1% nos pomares de 3 a 5 anos.
Estima-se que cerca de 100 milhões de árvores, de um total de 209 milhões no cinturão citrícola, estejam infectadas.
A progressão da doença está relacionada a diversos fatores, como a grande população de psilídeos, a alta presença de plantas doentes nos pomares, que continuam sendo foco de disseminação da bactéria, e as temperaturas amenas previstas para o segundo semestre de 2025, que favorecem a multiplicação da bactéria.
Embora a população de psilídeos tenha diminuído 41% em 2024 por causa de medidas rigorosas, como a rotação de inseticidas, aplicação de caulim e aprimoramento das pulverizações, os níveis atuais do inseto ainda são de quatro a nove vezes maiores do que os registrados antes de 2020.
Entre as 12 regiões do cinturão citrícola, seis apresentam incidência de greening superior a 60%, duas estão na faixa entre 40% e 50%, três variam entre 20% e 30%, e apenas duas registram índices abaixo de 5%, segundo o Fundecitrus.
As áreas mais afetadas no Brasil pelo greening em 2025 incluem:
Bebedouro (47,2%) e Altinópolis (45,1%) também apresentam alta incidência. Em níveis intermediários destacam-se São José do Rio Preto (34,3%), Itapetininga (28,7%) e Matão (24,6%).[/grifar]
Nesses locais, a progressão do greening entre 2024 e 2025 foi significativa, especialmente em São José do Rio Preto e Itapetininga, onde os índices quase dobraram. Por outro lado, Votuporanga (3,1%) e o Triângulo Mineiro (0,3%) continuam com as menores taxas de incidência, com pouca variação em relação ao ano anterior.
De acordo com o Fundecitrus, o manejo do greening deve ser ajustado e acompanhar a incidência da doença em cada região.
Nas áreas com alta incidência, caso o produtor decida não erradicar as plantas doentes, é fundamental manter o controle rigoroso dos psilídeos para conter o avanço da doença e tentar prolongar a vida útil dos pomares. Já nas regiões com baixa incidência, é essencial eliminar imediatamente as plantas doentes e manter o controle contínuo do psilídeo.
Greening, uma doença que atinge os frutos, provocando o risco de destruição de todo o pomar. Isso não apenas no Brasil, mas em 129 países, o que põe em discussão o futuro da citricultura mundial.
A doença é causada por uma bactéria transmitida pelo inseto psilídeo, que se reproduz entre 14 e 30 dias, dependendo da época do ano.
No Brasil, onde o inseto foi detectado em 1942, o clima favorável para os citros, com chuva e temperatura adequadas, também contribui para a condição ideal de propagação do greening.
A partir do momento que o inseto está contaminado e se alimenta de uma planta, ela demora de 6 a 8 meses para perder produtividade. A cada 100 laranjas produzidas, em torno de 22 frutas caem no chão. O greening é responsável por cerca de 5% delas.
Isso significa que em um parque citrícola que pode produzir 310 milhões de caixas, de 12 a 15 milhões de caixas não são colhidas, estima a Fundecitrus.
É o que está acontecendo no estado da Flórida, nos Estados Unidos - junto de São Paulo e parte do México formam os principais fornecedores de laranja para a indústria global.
Na Flórida, a produção, em 20 anos, caiu de 240 milhões de caixas de laranja de 40,8 quilos para 20 milhões. A doença também tornou os EUA mais dependentes das importações de suco de laranja do Brasil, segundo informações da agência Reuters.