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Inpasa anuncia troca de CEO em meio a lançamento no Maranhão — e planos para Goiás

Alteração foi comunicada internamente, e os funcionários da Inpasa já foram informados sobre a transição

Eder Lopes: novo CEO da Inpasa assume cargo a partir deste mês (Leandro Fonseca /Exame)

Eder Lopes: novo CEO da Inpasa assume cargo a partir deste mês (Leandro Fonseca /Exame)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 1 de agosto de 2025 às 13h05.

Última atualização em 1 de agosto de 2025 às 20h03.

BALSAS* A Inpasa, grupo de refino de etanol de grãos, anunciou nesta sexta-feira, 1º, uma troca de comando. A partir deste mês, Eder Lopes, presidente da companhia no Paraguai e filho de José Odvar Lopes, assume o cargo de CEO. Com isso, José Odvar Lopes, conhecido como 'seu José' no mercado, ocupará a presidência do conselho.

A mudança ocorre no contexto da inauguração da unidade de Balsas, no Maranhão. No release enviado à imprensa, Eder Lopes já figura como novo presidente da empresa. A alteração foi comunicada internamente, e os funcionários da Inpasa já foram informados sobre a transição.

Como parte dessa transição, Eder Lopes começou a se envolver gradualmente com os negócios no Brasil desde janeiro, para garantir uma "continuidade tranquila", segundo Renato Teixeira, diretor de marketing e comunicação da Inpasa.

"Ele [Eder] chega com muita energia, mantendo a mesma cultura focada em simplicidade, inovação, pessoas, sustentabilidade e no desenvolvimento do negócio. O objetivo é que ele siga dando continuidade à trajetória estabelecida", afirma Teixeira.

A companhia desembarcou no Brasil em 2019, vinda do vizinho Paraguai. Abriu a primeira fábrica em Sinop, em Mato Grosso. Com essa unidade, já são cinco usinas país afora — em 2026, mais uma biorrefinaria, de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, ficará pronta.

Com uma produção diária de cerca de 16 milhões de litros de etanol — o equivalente a 5,8 bilhões de litros ao ano —, a Inpasa responde por cerca de 17% da produção nacional do biocombustível, segundo dados da União Nacional do Etanol de Milho (Unem) e da Sociedade de Consultoria em Agronegócio (SCA Brasil).

No etanol de milho, a companhia responde por 50% da produção nacional do biocombustível.

Além da troca de comando, a Inpasa está passando por uma reestruturação de governança nos últimos meses.

A empresa implementou um centro de serviços compartilhados em Campinas para atender de forma mais estruturada, com processos e sistemas aprimorados. Atualmente, a Inpasa conta com cerca de 3,5 mil funcionários .

Nesse processo, Rafael Ranzolin, que ocupou o cargo de vice-presidente da empresa no Brasil por seis anos, e Daniel Sarmento, da área comercial, deixaram a companhia.

"O Eder Lopes chega para consolidar essa nova fase da organização. A vice-presidência também permanece inalterada, sem previsão de outras alterações", afirma o diretor de comunicação.

Após um 2024 de aceleração de investimentos — quase R$ 5 bilhões —, a estratégia para este ano é consolidar os aportes já feitos, como na planta de Luis Eduardo Magalhães (BA).

Em 2024, a empresa obteve uma receita bruta de R$ 14,9 bilhões. A margem EBITDA ficou em 30%, com uma geração de caixa operacional de R$ 1,8 bilhão. A estimativa para 2025 é alcançar R$ 20 bilhões em faturamento.

Nova planta em Goiás

A Inpasa confirmou que está nos planos da companhia inaugurar uma nova unidade em Goiás. O anúncio foi feito pelo governador Ronaldo Caiado (União Brasil) há duas semanas atrás.

Segundo Renato Teixeira, a nova planta para produção de etanol de milho será em Rio Verde, uma das principais cidades do setor agropecuário em Goiás. No entanto, ainda faltam detalhes técnicos e a assinatura do governador para oficializar o projeto.

"Há vários pontos pendentes, como a finalização do contrato do terreno e a negociação com o governo. O governador se antecipou, mas ele ainda não assinou todos os documentos necessários para formalizar a parceria. Assim que tudo estiver resolvido, faremos a publicação oficial", afirma Teixeira.

Inpasa em Balsas

A unidade de Balsas contou com um investimento de R$ 2,5 bilhões e já nasce com capacidade para processar 2 milhões de toneladas de milho e sorgo por ano. A planta produzirá anualmente cerca de 925 milhões de litros de etanol, 490 mil toneladas de DDGS (produto para nutrição animal) e 47 mil toneladas de óleo vegetal.

A biorrefinaria também adota o conceito de economia circular e utiliza um sistema de cogeração de energia a partir de biomassa, garantindo maior eficiência e sustentabilidade.

Balsas foi escolhida por sua localização estratégica, caracterizada pela alta produtividade agrícola da região, infraestrutura logística em expansão e grande potencial para inovação.

Inauguração da Inpasa em Balsas, no Maranhão: a planta produzirá anualmente cerca de 925 milhões de litros de etanol. (Leandro Fonseca /Exame)

O município é o segundo maior produtor de grãos do estado, com 602 mil toneladas, segundo dados do Instituto Maranhense de Estudos Socioeconômicos e Cartográficos (Imesc).

"Este é um momento histórico para nossa economia, que passa a industrializar em larga escala o que antes era exportado sem valor agregado", afirmou o governador Carlos Brandão (PSB).

Com a instalação da Inpasa, o governador Carlos Brandão negocia com uma gigante do ramo alimentício a instalação de uma indústria frigorífica no estado.

"A Inpasa vai produzir etanol, óleo e DDGS, que é a ração. O DDGS representa o início de um grande sonho de agregar valor, com a produção de frango, ração, porco e até gado confinado. Não tenho dúvidas de que vamos industrializar a transição da proteína vegetal para a animal e, com isso, expandir as exportações", afirma o governador.

* O repórter viajou a convite da Inpasa.

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