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Lavoro anuncia acordo de recuperação extrajudicial de R$ 2,5 bi após crise de estoque e fechamentos

Acordo da revenda de insumos inclui a extensão dos prazos de pagamento das obrigações e a implementação de um modelo de financiamento de inventário para os próximos anos

LAVORO: estratégia é estabilizar a operação da empresa após o impacto negativo do segundo trimestre de 2025, quando a receita consolidada caiu 27%, somando R$ 2,25 bilhões, em comparação ao mesmo período de 2024 (Divulgação)

LAVORO: estratégia é estabilizar a operação da empresa após o impacto negativo do segundo trimestre de 2025, quando a receita consolidada caiu 27%, somando R$ 2,25 bilhões, em comparação ao mesmo período de 2024 (Divulgação)

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 18 de junho de 2025 às 15h43.

Última atualização em 18 de junho de 2025 às 16h00.

As especulações sobre a Lavoro se confirmaram. Nesta quarta-feira, 18, a revendedora de insumos anunciou um acordo de recuperação extrajudicial (RE) no valor de R$ 2,5 bilhões com seus principais fornecedores, incluindo Basf, FMC Agrícola e UPL Brasil.

Diferentemente da recuperação judicial (RJ), que é um processo formal com supervisão judicial e a participação de um administrador judicial, a RE envolve uma negociação direta entre a empresa e seus credores, com a intervenção do Judiciário ocorrendo apenas para homologar o acordo, se necessário. Nesse caso, a empresa precisa obter a adesão de credores que representem 50% das dívidas para formalizar o acordo na Justiça.

O acordo da Lavoro com os credores inclui a extensão dos prazos de pagamento das obrigações e a implementação de um modelo de financiamento de inventário para os próximos anos — a medida visa garantir a continuidade das operações e mitigar as dificuldades causadas pela escassez de produtos no mercado agrícola.

“A extensão das obrigações de pagamento nos proporcionará a flexibilidade necessária para ajustar a estrutura de custos fixos, aumentar a eficiência operacional e fortalecer o foco estratégico nas suas principais competências", disse Ruy Cunha, CEO da Lavoro.

Em fevereiro, a revenda de insumos anunciou o fechamento de cerca de 70 lojas no Brasil, em função de razões mercadológicas e à sobreposição de estabelecimentos em determinadas regiões. Na época, a empresa afirmou que a medida impactaria 10% das vendas, que contava com 187 lojas no Brasil.

A estratégia é estabilizar a operação da Lavoro Brasil após o impacto negativo do segundo trimestre de 2025, quando a receita consolidada caiu 27%, somando R$ 2,25 bilhões, em comparação ao mesmo período de 2024.

Além disso, a empresa decidiu retirar a previsão financeira para o ano fiscal de 2025, dada a incerteza do cenário. O impacto no segundo trimestre de 2025 foi substancial, com o lucro bruto também registrando uma queda de 28%, totalizando R$ 366,9 milhões.

A falta de produtos, resultante das dificuldades no financiamento de inventário e de uma série de problemas logísticos, gerou cancelamentos de pedidos e afetou diretamente as operações comerciais da companhia.

O anúncio da recuperação extrajudicial (RE) da Lavoro ocorre no contexto de uma crise no setor de revendas de insumos, liderada pela Agrogalaxy, que em setembro de 2024 entrou com um pedido de recuperação judicial.

Como ficou a RE da Lavoro

O plano de RE da Lavoro visa a renegociação de aproximadamente R$ 2,5 bilhões em dívidas com fornecedores de insumos e divide os credores em diferentes categorias, com condições de pagamento ajustadas às especificidades de cada grupo:

  • Credores Gerais: receberão 100% do valor principal da dívida, com juros baseados no índice de inflação (IPCA). Parte do pagamento poderá ser feita em produtos de inventário.

  • Credores Especiais e de Sementes: terão as mesmas condições dos credores gerais, mas com prazos de pagamento diferenciados, que variam de dois a cinco anos.

  • Credores Menores: receberão um pagamento único, em dinheiro, de até R$ 50 mil.

Além disso, o acordo de fornecimento de longo prazo visa garantir a continuidade do fornecimento de produtos, alinhando os fornecedores às condições de financiamento e comercialização de inventários — a medida proporciona maior previsibilidade para os próximos anos.

Segundo a companhia, a reestruturação afeta apenas a Lavoro Brasil e não envolve seus credores financeiros, prestadores de serviços ou empregados. Outras subsidiárias do grupo, como Latam Ag Retail e Crop Care, não fazem parte deste plano.

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