EXAME Agro

Novo cliente? China compra soja da Argentina após Milei suspender tarifa de exportação

Medida do governo argentino reduz tributos sobre exportações agrícolas e fortalece embarques para o maior importador mundial

Publicado em 24 de setembro de 2025 às 14h47.

Última atualização em 24 de setembro de 2025 às 15h22.

A China ampliou as compras de soja da Argentina após a suspensão temporária nas tarifas de exportação pelo governo argentino. De acordo com informações da Bloomberg, importadores chineses compraram pelo menos dez novos carregamentos da oleaginosa, principalmente para embarques previstos em novembro.

As remessas argentinas reservadas nesta semana já somam o equivalente a mais de 1,3 milhão de toneladas.

A expectativa é de que os negócios continuem fluindo enquanto durar a redução das tarifas de exportação sobre produtos agrícolas, medida anunciada por Buenos Aires para estimular o comércio.

Disputa comercial afeta dinâmica das importações

A decisão da China ocorre em meio à disputa comercial com os Estados Unidos, seu segundo maior fornecedor de soja. Até 11 de setembro, quase duas semanas após o início da nova temporada de exportações americanas, Pequim não havia reservado nenhuma carga dos EUA.

Esse é o primeiro registro dessa natureza desde 1999, segundo dados do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA).

O aumento das compras da Argentina deve garantir o abastecimento chinês no fim de 2025 e início de 2026, período em que tradicionalmente o país asiático depende das exportações americanas.

No ano passado, os EUA representaram um quinto das importações de soja chinesas, no valor de mais de US$ 12 bilhões, correspondendo a mais da metade do valor total das exportações de soja americana.

No fim de junho, a China comprou, pela primeira vez, farelo de soja da Argentina, em meio à guerra comercial iniciada por Trump. Os argentinos são os maiores exportadores globais de farelo de soja, e Pequim tinha autorizado a importação desse importante insumo para ração animal em 2019. Mas, desde então, nenhuma compra efetiva havia se concretizado.

O Brasil na jogada

A China também está comprando mais soja do Brasil. Antes mesmo do tarifaço de Trump, os embarques de soja para Pequim já vinham crescendo. De janeiro a março, a alta foi de 34%, somando US$ 6,7 bilhões.

As cargas — todas em navios do tipo Panamax, de 65 mil toneladas cada um — devem ser embarcadas em novembro. As importações chinesas de soja atingiram níveis recordes em maio, junho, julho e agosto, elevando os estoques — em parte como forma de proteção dos compradores contra possíveis interrupções de oferta no quarto trimestre.

Acompanhe tudo sobre:SojaChinaArgentina

Mais de EXAME Agro

Preços do café arábica caem com chuvas no Brasil e expectativa de safra maior em 2026

China compra soja da Argentina após suspensão de tarifa de exportação

Brasil tem mais bois do que habitantes e bate recorde na produção de ovos

Após surto de gripe aviária em maio, União Europeia reabre mercado para carne de aves brasileiras