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Plano Safra 25/26: governo aumenta juros de todas as linhas de financiamento

Segundo fontes, decisão ocorre em função da Selic a 15% ao ano e do orçamento menor do governo

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 27 de junho de 2025 às 11h51.

Última atualização em 27 de junho de 2025 às 14h33.

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu aumentar os juros de todas as linhas de financiamento do Plano Safra 2025/26, que será anunciado na próxima semana. A informação veio de fontes familiarizadas sobre o assunto e foi confirmada com exclusividade à EXAME.

Segundo interlocutores do Planalto, a decisão foi tomada em função da taxa básica de juros, a Selic, em 15% ao ano, e do orçamento menor para 2025, como adiantado pela EXAME no final de abril. "O aumento nas taxas já está definido. Tivemos que adequar o Plano Safra ao orçamento," afirmou um auxiliar do governo. O aumento das taxas deve variar até 2,5 pontos percentuais.

O Plano Safra, principal política pública agrícola do Brasil, depende de linhas de crédito subsidiadas para financiar a produção agropecuária e apoiar os produtores rurais na aquisição de insumos, sementes, máquinas e equipamentos.

Quando as taxas de juros estão altas, o custo do crédito aumenta, mesmo para as linhas subsidiadas. Isso ocorre porque, embora o governo ofereça juros mais baixos para os produtores, a taxa básica de juros influencia diretamente a rentabilidade dessas linhas.

Com juros elevados, as instituições financeiras podem repassar parte desses custos ao setor agrícola, tornando o financiamento mais caro e mais difícil de ser acessado.

O aumento dos juros em todas as linhas de financiamento estava sendo discutido há algum tempo no setor. A expectativa, no entanto, era de que os recursos destinados ao Plano Safra da Agricultura Familiar (Pronaf) ficassem de fora.

No entanto, segundo fontes ouvidas, as taxas de juros desta linha também serão elevadas. Tanto o Pronaf, que será anunciado na segunda-feira, 30, quanto o Plano Safra Empresarial, que será divulgado na terça-feira, 1º, terão alíquotas diferenciadas de aumento.

Na quinta-feira, 26, Paulo Teixeira, ministro do Desenvolvimento Agrário, confirmou que na segunda-feira será anunciado o Plano Safra da Agricultura Familiar (Pronaf). O valor deve ser recorde.

A fala ocorreu após reunião com o presidente Lula e membros do alto escalão do governo — o ministro, no entanto, não citou os valores. "A reunião foi positiva", disse Teixeira. Na safra 2024/25, o montante disponibilizado pelo Pronaf foi de R$ 76 bilhões.

Plano Safra 25/26

Outra fonte afirmou que o valor a ser disponibilizado pelo Plano Safra 2025/26 deve ficar entre R$ 475 bilhões e R$ 550 bilhões, somando os montantes do Pronaf, do Plano Safra Empresarial, além das Cédulas de Produto Rural (CPRs) e Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs).

Até duas safras atrás, o direcionamento das LCAs era de 35%, com a maior parte (80%) destinada a linhas de crédito rural, que são mais burocráticas, apresentam limitações no spread para as instituições financeiras e possuem a cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), de 0,38%.

Atualmente, as LCAs são a maior fonte de recursos para o agronegócio. Os valores captados superam a soma dos recursos provenientes dos direcionamentos de depósitos à vista e da poupança rural. Entre julho de 2024 e maio de 2025, foram desembolsados R$ 97,1 bilhões através desses títulos, por meio de linhas de crédito rural — sem contar os valores financiados pelas CPRs.

Em abril, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) apresentou ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) suas propostas para o Plano Safra 2025/26. Entre as principais solicitações, a CNA pede R$ 594 bilhões em recursos financiáveis para a próxima temporada, um aumento de 24,64%.

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