Donald Trump: presidente assinou nesta sexta-feira, 14, uma ordem que retira as tarifas impostas sobre carne bovina, café e frutas (Jim Watson/AFP)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 14 de novembro de 2025 às 19h41.
Última atualização em 14 de novembro de 2025 às 19h42.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta sexta-feira, 14, uma ordem que retira as tarifas impostas sobre carne bovina, café e frutas. Entretanto, os setores de café e de carne do Brasil ainda não sabem como isso deve impactar.
Em nota, o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) disse que é necessário 'análise para entender se esse novo ato se aplica apenas à tarifa base de 10%, à de 40% ou a ambas' uma vez que o Brasil possui duas tarifas: a base, de 10%, e a adicional, de 40%, referente ao Artigo 301.
O decreto presidencial determina que alguns produtos agrícolas ficarão isentos das tarifas “recíprocas” impostas neste ano, após a análise de fatores como a capacidade de produção nacional de determinados bens nos EUA. A ordem executiva, no entanto, não especifica qual a porcentagem de cada isenção.
“Muitos dos acordos comerciais anunciados e das negociações em curso envolvem países que produzem volumes substanciais de produtos agrícolas que não são cultivados ou produzidos em quantidades suficientes nos Estados Unidos”, diz o texto.
Além de ser o maior produtor mundial de café, o Brasil responde por 30% do market share do produto nos EUA, segundo dados do Departamento de Estatísticas do país, o que o posiciona como principal fornecedor do grão — especialmente do tipo arábica. Em 2024, 83% do café desembarcado nos EUA era arábica.
No ano passado, os EUA representaram 16,1% de todas as exportações brasileiras de café, correspondendo, em termos de receita, a cerca de US$ 2 bilhões.
Em nota, a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) disse que considera 'muito positiva a decisão dos Estados Unidos de reduzir as tarifas aplicadas à carne bovina brasileira'. Mas também não especificou qual sobretaxa foi retirada.
No caso da carne bovina, mesmo com o tarifaço, os EUA importaram 232 mil toneladas de janeiro a outubro deste ano, somando US$ 1,38 bilhão — um aumento de 45% em volume e 38% em valor em relação ao mesmo período de 2024 (160 mil toneladas e US$ 1,0 bilhão).
Além do café e da carne, as frutas brasileiras também devem ter suas tarifas reduzidas — como a manga, da qual o Brasil é um dos principais fornecedores para os Estados Unidos.