Brasil

Alckmin ensaia discurso contra a radicalização

O governador parece querer se cacifar como o anti-Doria dentro do PSDB, pelo menos no que diz respeito à retórica política

Alckmin: acredita que o PSDB precisa definir quem será o candidato a presidente da República ainda este ano (Alexandre Carvalho/Fotos Públicas)

Alckmin: acredita que o PSDB precisa definir quem será o candidato a presidente da República ainda este ano (Alexandre Carvalho/Fotos Públicas)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 11 de agosto de 2017 às 09h21.

São Paulo - Se o prefeito de São Paulo, João Doria, quer ser visto como o anti-Lula, o governador Geraldo Alckmin parece querer se cacifar como o anti-Doria dentro do PSDB, pelo menos no que diz respeito à retórica política.

Na contramão do discurso repisado pelo prefeito, Alckmin afirmou, em entrevista à Rádio Gaúcha, que buscará uma conciliação política no País. O aceno de Alckmin é, sobretudo, para a parcela do eleitorado cansada da polarização, o chamado "Fla x Flu ideológico", e para setores do empresariado cansados dos sobressaltos provocados pela política nos últimos anos.

Um importante banqueiro afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que nomes fortes do setor financeiro e do empresariado avaliam apoiar no ano que vem um candidato com larga experiência administrativa na esfera pública. Alckmin está no quarto mandato como governador, enquanto Doria completou seu sétimo mês à frente da capital paulista.

Apesar de ter dito na segunda-feira passada, em Salvador, que também trabalhará pela união nacional, Doria tem se cacifado eleitoralmente como um contraponto intransigente ao PT e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Por mais de uma vez, ele já se recusou a debater com petistas e valeu-se de expressões como "vai procurar sua turma lá em Curitiba (sede da Lava Jato)" para se referir a eles.

Na entrevista, Alckmin foi questionado sobre o ovo atirado por manifestantes em Salvador contra Doria. O governador defendeu o prefeito, mas aproveitou para marcar posição: "Agredir pessoas é próprio de quem não tem argumento e parte para a violência. Esse não é o bom caminho. Aliás, eu vou trabalhar muito para unir o Brasil, porque uma casa dividida nem sempre dá bons resultados. Ao menos nas questões essenciais, vou procurar unir mais, buscar uma convergência".

Para analistas, a estratégia de Doria de polarização com Lula e o PT tem inspiração na campanha de Donald Trump nos EUA e seria suficiente para levar o tucano ao segundo turno, mas enfrentará resistência no empresariado e no segundo turno.

Para o governador, o PSDB precisa definir quem será o candidato a presidente da República ainda este ano. "Não precisa ser agora, mas também não pode ser improvisado de última hora. O Brasil é um país continental, precisa ter boas propostas, ouvir, debater. O prazo tem de ser dezembro", afirmou Alckmin.

Acompanhe tudo sobre:Políticos brasileirosPolíticaEstados Unidos (EUA)Donald TrumpGeraldo AlckminPSDB

Mais de Brasil

Previsão do tempo: semana em SP terá alternância entre tempo seco e pancadas de chuva

Laudo aponta que baixa temperatura causou explosão em fábrica da Enaex no Paraná

Lula se prepara para viajar aos EUA após rebater Trump sobre condenação de Bolsonaro

CPI do INSS: suspeito de liderar fraudes em descontos será ouvido nesta segunda-feira, 15