Para o estudo, os pesquisadores consideraram a renda domiciliar per capita mensal, que inclui não apenas salários, mas também aposentadorias e benefícios sociais. (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Colaboradora
Publicado em 2 de outubro de 2025 às 15h10.
Última atualização em 2 de outubro de 2025 às 15h16.
A distância que separa os brasileiros mais ricos dos mais pobres diminuiu nas grandes cidades do país. Entre 2021 e 2024, a proporção entre a renda dos 10% mais ricos e os 40% mais pobres caiu de 19,2 vezes para 15,5 vezes — representando quase 20% de queda. Na prática, isso significa que um trabalhador da base da pirâmide conseguiu melhorar sua renda mais rápido do que aqueles no topo, ainda que a desigualdade permaneça elevada.
Os dados integram o Boletim Desigualdade nas Metrópoles, divulgado pelo Observatório das Metrópoles em parceria com a PUCRS-Data Social. O estudo analisou informações de 20 regiões metropolitanas brasileiras entre 2012 e 2024, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua do IBGE.
A região metropolitana de São Paulo apresenta um dos cenários mais complexos. Se por um lado, a renda média dos 40% mais pobres na capital paulista chegou a R$ 812 em 2024, valor superior ao registrado na maioria das metrópoles brasileiras — por outro lado, São Paulo ainda permanece entre as cinco metrópoles mais desiguais do Brasil.
Segundo o estudo, a cidade detém a quarta posição entre as mais desiguais, ficando atrás apenas de Recife, Brasília e Natal. Apesar do cenário ainda insatisfatório, a metrópole acompanhou a tendência nacional de redução entre 2021 e 2024, atingindo um Coeficiente de Gini de 0,536 no último ano.
Em todo o conjunto das regiões metropolitanas brasileiras, a renda dos mais pobres atingiu um valor recorde de R$ 670 mensais em 2024. Esse crescimento na base da pirâmide foi o principal motor para a redução da desigualdade observada no período, conforme aponta o estudo.
A pesquisa mostra que 9,5 milhões de pessoas saíram da situação de pobreza nas metrópoles desde 2021, e a taxa de pobreza caiu de 31,1% para 19,4%, atingindo o menor patamar desde o início da série histórica em 2012. Vale destacar que o critério utilizado é o do Banco Mundial, que considera R$ 692,54 mensais por pessoa.
No que diz respeito à extrema pobreza, a redução também foi expressiva. Mais de 2,8 milhões de brasileiros deixaram essa condição entre 2021 e 2024, com a taxa caindo de 6,8% para 3,3%. Seguindo o critério do Banco Mundial, essa classificação é de R$ 217,37 mensais por pessoa.
Já a renda média no conjunto das metrópoles bateu recorde pelo segundo ano consecutivo, chegando a R$ 2.475 em 2024. Isso acontece principalmente porque todas as regiões analisadas registraram crescimento da renda média, embora em ritmos diferentes.
Vale ressaltar que apenas quatro metrópoles apresentaram aumento da desigualdade no período: Curitiba, Florianópolis, Grande São Luís e Vale do Rio Cuiabá.
As detentoras do pódio de menores desigualdades em 2024 foram Goiânia, Manaus e Belo Horizonte. Já as mais desiguais continuaram sendo Recife, Brasília e Natal.
Para o estudo, os pesquisadores consideraram a renda domiciliar per capita mensal, que inclui não apenas salários, mas também aposentadorias e benefícios sociais como o Bolsa Família.
Dessa forma, eles puderam apontar que o pico de desigualdade da série histórica ocorreu justamente em 2021, ano marcado pelo enfraquecimento das políticas emergenciais da pandemia de covid-19.
Desde então, o cenário apresentado tem avançado devido à combinação de recuperação econômica e expansão de programas de transferência de renda, forçando a melhora dos indicadores sociais nas grandes cidades brasileiras.