Brasil

Bolsonaro diz que fez acordo com Moraes para encerrar inquérito das fake news

De acordo com Bolsonaro, o acerto teria ocorrido após as manifestações de 7 de Setembro, quando ele aceitou divulgar uma "Declaração à Nação", na qual recuava dos ataques feitos a Moraes, a quem havia chamado de "canalha"

Bolsonaro e Moraes: Na semana passada, ao criticar Moraes - que é relator do inquérito das fake news -, Bolsonaro já havia mencionado a existência desse acordo, sem dizer do que se tratava (Akos Stiller/Bloomberg Carlos Moura/SCO/STF/Bloomberg)

Bolsonaro e Moraes: Na semana passada, ao criticar Moraes - que é relator do inquérito das fake news -, Bolsonaro já havia mencionado a existência desse acordo, sem dizer do que se tratava (Akos Stiller/Bloomberg Carlos Moura/SCO/STF/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 14 de junho de 2022 às 09h59.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, disse na segunda-feira, 13, que tinha feito acordo com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, no ano passado, para que ele encerrasse o inquérito das fake news. De acordo com Bolsonaro, o acerto teria ocorrido após as manifestações de 7 de Setembro, quando ele aceitou divulgar uma "Declaração à Nação", na qual recuava dos ataques feitos a Moraes, a quem havia chamado de "canalha".

Na semana passada, ao criticar Moraes - que é relator do inquérito das fake news -, Bolsonaro já havia mencionado a existência desse acordo, sem dizer do que se tratava.

O ex-presidente da República Michel Temer - que ajudou a redigir a carta divulgada dois dias após o 7 de Setembro, a pedido do próprio Bolsonaro - desmentiu o sucessor, afirmando, em nota, não ter havido "condicionantes" para a produção daquele texto.

Na carta, Bolsonaro sustentava não ter tido intenção de agredir "quaisquer dos Poderes" e destacava que suas palavras tinham sido ditas no calor do momento.

"Eu assinei a carta. Eu me descapitalizei politicamente. Levei pancada para caramba em troca de um cumprimento do outro lado da linha. Coisa simples até, sobre esse inquérito que não tinha cabimento", disse Bolsonaro na segunda-feira, diante do Palácio do Planalto.

Ao ser questionado por jornalistas se o acerto envolvia o encerramento do inquérito das fake news - que tem como alvo o presidente, seus filhos e aliados -, Bolsonaro confirmou. "Envolvia, sim. (Em) um ou dois meses, ia botar um ponto final. Lamentavelmente, do outro lado não veio nada. Lamentavelmente", insistiu. "Tínhamos o risco do Trovão voltar para cá, ser preso e o Brasil parar. Como vamos tratar o caso do Trovão? (Moraes disse) 'Eu vou tratar dessa maneira'. Foi discutido ali. E nada foi cumprido. Nada, zero", completou.

A referência de Bolsonaro é a Zé Trovão, líder dos caminhoneiros e apoiador do governo. Ele teve a prisão decretada por Moraes, antes mesmo das manifestações de 7 de Setembro.

Foi acusado de incentivar atos antidemocráticos e chegou a ficar foragido no México. A prisão de Zé Trovão foi revogada e hoje ele usa tornozeleira eletrônica.

Procurado pelo jornal O Estado de S. Paulo, Moraes não se manifestou até o fechamento deste texto, no fim da noite de segunda-feira.

LEIA TAMBÉM: 

Moraes diz que TSE pode cassar registro de candidato que divulgar fake news

Acompanhe tudo sobre:Supremo Tribunal Federal (STF)Jair BolsonaroAlexandre de Moraes

Mais de Brasil

Câmara aprova projeto de lei que dificulta aborto legal em crianças

Após megaoperação, Moraes abre inquérito sobre crime organizado no Rio

PEC que flexibiliza privatização da Copasa é aprovada na Assembleia de Minas

Câmara aprova urgência de projeto que dificulta aborto legal em crianças