Repórter
Publicado em 22 de novembro de 2025 às 17h01.
Última atualização em 22 de novembro de 2025 às 17h17.
Um relatório da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal, divulgado neste sábado, 22, apontou que a tornozeleira eletrônica usada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) apresentava “danos visíveis e significativos”.
Segundo o relatório técnico, o dispositivo exibia “marcas de queimadura ao redor de toda a sua estrutura, especialmente na área de fechamento do compartimento”.
“O equipamento possuía sinais claros e importantes de avaria. Havia marcas de queimadura em toda sua circunferência, no local do encaixe/fechamento do case", diz o texto.
O documento também afirma que Bolsonaro admitiu ter usado um ferro de solda para danificar a tornozeleira eletrônica. No vídeo, anexado ao relatório, é possível o ex-presidente dizer que usou um "ferro quente". "Um ferro de soldar solda".
"No momento da análise o monitorado foi questionado acerca do instrumento utilizado. Em resposta, informou que fez uso de ferro de solda para tentar abrir o equipamento”, detalha o relatório.
Bolsonaro também declarou que iniciou a manipulação da tornozeleira "no final da tarde".
O alerta de violação do dispositivo foi registrado às 0h07. A partir desse momento, a equipe responsável pela segurança de Bolsonaro foi acionada pela Secretaria, que mantém a supervisão do monitoramento eletrônico.
No vídeo divulgado pela Secretaria de Administração Penitenciária, o ex-presidente explica o "motivo" para o uso do ferro de solda na tornozeleira, após ser questionado por um policial penal.
"O senhor usou alguma coisa para queimar isso aqui?". Ele responde: "Eu meti ferro quente aí. Curiosidade".
Em seguida, uma servidora perguntou a Bolsonaro mais detalhes sobre a avaria no equipamento: "Que ferro foi, ferro de passar?", questionou a mulher. "Não, ferro de soldar, de solda", respondeu o ex-presidente.
Bolsonaro foi questionado novamente se tentou retirar a tornozeleira, mas negou. Logo depois, a servidora conclui: "Pulseira aparentemente intacta, mas o 'case' [a capa] violado".
Na manhã deste sábado, 22 de novembro, a Polícia Federal (PF) prendeu preventivamente o ex-presidente Jair Bolsonaro, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).
A justificativa da medida foi a preservação da ordem pública, após a convocação de uma vigília organizada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente, prevista para a noite do mesmo dia. Desde 4 de agosto, Bolsonaro cumpria regime domiciliar.
A operação da PF teve início por volta das 6h, com um comboio de ao menos cinco veículos. Bolsonaro foi conduzido cerca de 20 minutos depois à Superintendência da PF, onde permanecerá preso em uma área reservada com cama, banheiro privativo e mesa.
O ex-presidente foi condenado a 27 anos e três meses de prisão sob a acusação de liderar uma tentativa de golpe de estado após vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais de 2022. É a primeira condenação desse tipo imposta a um ex-presidente na história do país.
Outros sete réus considerados parte do núcleo central da trama também foram sentenciados, com penas entre 2 e 26 anos de prisão.
A prisão preventiva decretada para o ex-presidente não se estende, neste momento, aos demais condenados, já que não está relacionada ao fim do trâmite judicial para cumprimento de pena.
Bolsonaro também foi considerado culpado pelos crimes de organização criminosa armada, abolição do Estado democrático de Direito, dano qualificado ao patrimônio público e deterioração de bem tombado.
*Mais informações em instantes.