Brasil

Brasil sabia da presença das Farc na Venezuela, segundo WikiLeaks

Nelson Jobim, ministro da Defesa, também teria comentado a respeito da situação do Equador

Na conversa entre Lisa e Nelson Jobim, o ministro mostra "inquietação" sobre o acordo de defesa entre EUA e Colômbia (Wikimedia Commons)

Na conversa entre Lisa e Nelson Jobim, o ministro mostra "inquietação" sobre o acordo de defesa entre EUA e Colômbia (Wikimedia Commons)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de novembro de 2010 às 21h47.

O Brasil sabia da "presença" das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na Venezuela e considerava a Colômbia como a "principal fonte de instabilidade" na região, mostraram nesta terça-feira, 30, os novos documentos revelados pelo Wikileaks.

Esta informação aparece em documentos enviados em novembro de 2009 da embaixada dos EUA em Brasília, que mostram conversas de uma funcionária americana, Lisa Kibuske, com o ministro da Defesa, Nelson Jobim.

"Falando de temas de segurança regional", diz uma das mensagens, "Jobim reconheceu na prática a presença da guerrilha das Farc na Venezuela e ofereceu sugestões para criar confiança na fronteira entre Colômbia e Equador".

No entanto, Jobim diz que reconhece publicamente a presença das Farc na Venezuela impediria o trabalho de mediação de seu Governo. "Perguntado sobre a presença das Farc na Venezuela, disse que se reconhecesse sua presença poderia arruinar a capacidade do Brasil como país mediador", explica a nota.

Posteriormente, em outra mensagem, Jobim situa a "Colômbia no centro da potencial instabilidade da região" e considera a tentativa do então presidente Álvaro Uribe de optar por um terceiro mandato na Colômbia como "terrível".

Mais adiante, o ministro brasileiro volta a mostrar suas preocupações a respeito de Uribe, a quem "insiste em qualificar como a primeira fonte de tensões" na região andina.

Na conversa entre Lisa e Nelson Jobim, o ministro da Defesa também mostra "inquietação" sobre o acordo de defesa entre EUA e Colômbia, que permitirá que militares americanos utilizem bases no país andino, ao apontar que um dos memorandos que acompanha o acordo deixa em "evidência a falta de compreensão da América Latina" por parte de Washington.

No entanto, a funcionária finaliza com um balanço positivo seu encontro com Jobim, de quem destaca sua "proximidade ao presidente Lula em questões de segurança". "Apesar da tendência do Governo do Brasil de culpar a Colômbia pelas tensões atuais, seus esforços por manter a paz são sinceros e deveriam ser apoiados", afirma na nota.

Trata-se dos primeiros documentos nos quais a Colômbia é citada desde que o Wikileaks começou a publicação em massa no domingo de mais de 250 mil documentos diplomáticos americanos, muitos deles com revelações embaraçosas para Washington e seus aliados.
 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaBurocraciaWikiLeaks

Mais de Brasil

Moraes proíbe acampamentos num raio de 1 km da Praça dos Três Poderes e quartéis

Ambiente virtual virou 'Eldorado' do crime organizado, diz especialista em segurança pública

Previsão do tempo: São Paulo tem sol, calor e chance de pancadas de chuva neste sábado, 26

Governo aumenta em 30% teto do Fies para curso de Medicina; medida vale a partir do 2º semestre