Brasil

Casa de parto dispensa presença de médico, diz especialista

Segundo professora da Uerj, a Casa de Parto David Capistrano Filho atende apenas gestantes de baixo risco, então pode dispensar a presença de médicos


	Mullher grávida recebe cuidados médicos antes do parto: segundo a especialista, é necessário um número mínimo de consultas para acompanhar a gravidez
 (©AFP/Archives / Jean Ayissi)

Mullher grávida recebe cuidados médicos antes do parto: segundo a especialista, é necessário um número mínimo de consultas para acompanhar a gravidez (©AFP/Archives / Jean Ayissi)

DR

Da Redação

Publicado em 22 de outubro de 2012 às 09h37.

Rio de Janeiro - Parceira da Casa de Parto David Capistrano Filho, unidade vinculada à rede municipal de saúde e que fica em Realengo, a Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) defende o parto humanizado, com o menor número de intervenções cirúrgicas possível.

De acordo com a professora do Departamento de Enfermagem Materno Infantil, Maysa Luduvice, casas de parto de base comunitária como a David Capistrano podem funcionar sem um médico, porque atendem apenas a gestantes de baixo risco, que nunca passaram porcesáreas ou têm doenças graves. Os casos mais complicados são encaminhados para outras unidades de saúde.

Segundo a especialista, que coordena estágios de especialização de enfermeiros obstetras no local, é necessário um número mínimo de consultas para acompanhar a evolução da gravidez, identificar riscos e evitar complicações na hora de dar à luz. O acompanhamento também visa a orientar as gestantes sobre os tipos de parto e cuidados com bebê, além de derrubar mitos quanto à dor e modificações do corpo.

De acordo com a professora, que participou do movimento de saúde pública em favor da instalação da casa, a unidade cumpre rigorosamente uma série de protocolos de atendimento para evitar riscos às mães e aos bebês. Entre as medidas para humanizar o parto está reduzir o uso de hormônios que aceleram o processo, como a ocitocina. A anestesia local só é utilizada quando o corte no períneo é extremamente necessário.

Defensora do parto natural, a presidente da Associação Nacional de Doulas (acompanhante treinada para oferecer à gestante suporte físico e psicológico durante o parto), Maria de Lourdes Teixeira, conhecida como Fadynha, avalia que essas casas estão preparadas para um parto “fisiológico”, sem “intervenções invasivas”. Segundo o Ministério da Saúde, na comparação com a cesariana, o parto normal oferece menos riscos de hemorragia para mãe e diminui as chances de o bebê nascer prematuro.

“As casas de parto têm outro perfil. Evitam o uso de soro e de hormônio sintético para acelerar o parto, não fazem rompimento da bolsa desnecessariamente, a manobra de Kristeller - que é espremer a barriga como uma pasta de dente - , todos procedimentos que são uma agressão e causam muita dor às mulheres e a seus parentes”, diz ao criticar partos induzidos em hospitais.

Embora reconheça o esforço das políticas públicas de humanização das maternidades, Maysa acrescenta que a principal vantagem das casas de parto é o maior cuidado com as gestantes.

“O hospital recebe todas as intercorrências da gestação. Acaba que, não por descaso, mas por uma mistura de cuidados na mesma unidade, a tendência é olhar com menos atenção para aquela parturiente que não tem risco, em um momento em que a subjetividade do atendimento faz a diferença”, avalia Maysa, citando casos de mulheres que reclamaram de ficar sozinhas na hora de dar à luz.

Acompanhe tudo sobre:GravidezMulheres

Mais de Brasil

Recuperação da popularidade de Lula perde fôlego e reprovação chega a 40%, diz Datafolha

Itamaraty entrega a autoridades italianas pedido de extradição de Carla Zambelli

Moraes diz em julgamento no STF que redes sociais permitem ações 'criminosas' contra crianças

MP do governo prevê mudança em cargos da Receita Federal com custo de R$ 12,9 milhões por ano