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Marina Silva, na COP30: "Temos a alegria de anunciar que a Alemanha fez o aporte e o presidente [Lula] está instando. Esse instrumento é bem desenhado e bem estruturado", afirmou a ministra. Foto: Leandro Fonseca 07/11/2025 (Leandro Fonseca /Exame)
Repórter de agro e macroeconomia
Publicado em 19 de novembro de 2025 às 20h55.
Última atualização em 19 de novembro de 2025 às 21h25.
BELÉM — PARÁ — A Alemanha fez um aporte de 1 bilhão de euros Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês). O anúncio foi feito nesta quarta-feira, 19, pela ministra do Meio-Ambiente e do Clima, Marina Silva, em coletiva na 30º Conferência do Clima da ONU, que acontece em Belém.
O TFFF é uma das principais novidades e apostas do governo brasileiro para incentivar a conservação ambiental. O objetivo é criar um sistema internacional de pagamentos para os países que preservam suas florestas, valorizando o papel dos países tropicais na regulação do clima e na absorção de carbono.
"Temos a alegria de anunciar que a Alemanha fez o aporte e o presidente [Lula] está instando. Esse instrumento é bem desenhado e bem estruturado", afirmou a ministra.
O TFFF aplica a lógica de mercado ao financiamento climático, com o objetivo de captar cerca de US$ 125 bilhões em investimentos privados. O capital será reinvestido em projetos com alta rentabilidade, e o spread entre o que é pago aos investidores e o retorno obtido será destinado a remunerar os países que preservam suas florestas tropicais, proporcionalmente à área conservada.
O plano propõe que países com grandes áreas de floresta tropical, como Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo, sejam pagos pela conservação dos biomas. O objetivo é criar uma “renda florestal global”, atraindo investimentos para compensar economicamente a manutenção das florestas.
Além do TFFF, a ministra disse que 'Mapa do Caminho' conceito usado para falar de planos de ação que estabelecem etapas e metas para um determinado objetivo, tem suscitado bastante debates, mas acredita que há boas respostas.
"Uma das questões no caminho é a possibilidade de países desenvolvidos e em desenvolvimento realizarem a transição do uso de combustíveis fósseis. É um diálogo profícuo e ninguém tem uma resposta pronta e acabada. Temos muito chão pela frente".
Durante a coletiva, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) elogiou a COP30 em Belém. Segundo ele, 'não havia dúvidas de que o Brasil faria a melhor conferência climática'.
"Preparar o espaço do Pará e a cidade de Belém foi um grande desafio e exigiu muita ousadia, pois seria muito mais fácil realizá-la em um lugar onde tudo já estivesse pronto. Essa COP é diferenciada porque ela teve a representação de muita gente", afirmou o presidente.
Segundo o presidente, o evento climático em Belém reforça a ideia de que, para manter a floresta em pé, é necessário investimento. "Para cuidar do clima é preciso saber que tem que colocar dinheiro para manter a floresta em pé. Não é uma coisa abstrata", disse.
O presidente mostrou otimismo sobre as negociações com o Mapa do Caminho. Ele disse que o documento mostra para a sociedade, sem impor nada a ninguém, que o Brasil 'está falando sério' quando o assunto é mudança climática.
"O "mapa do caminho" precisa ser mostrado à sociedade, sem impor nada a ninguém. É fundamental que reduzamos as emissões de gases de efeito estufa e repensemos a dependência de combustíveis fósseis", disse.