Brasil

CPI: Tráfico de pessoas é acontece por sexo e terceirização

Especialistas também criticaram falta na legislação brasileira a tipificação de tráfico internacional de pessoas, em CPI do Tráfico de Pessoas

Criança trabalha em lixão: O subsecretário de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego informou ainda que a terceirização é um canal para o tráfico (Wilson Dias/ABr)

Criança trabalha em lixão: O subsecretário de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego informou ainda que a terceirização é um canal para o tráfico (Wilson Dias/ABr)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2012 às 19h03.

Brasília – A ligação entre exploração sexual, tráfico de drogas e trabalho escravo; a falta de tipificação legal para o aliciamento de estrangeiros; e a terceirização de mão de obra são fatores que estimulam o tráfico de pessoas no Brasil. A conclusão é de especialistas que participaram hoje (26) de audiência da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Tráfico de Pessoas no Brasil, realizada na Câmara dos Deputados.

De acordo com a coordenadora da Comissão de Justiça e Paz, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), irmã Maria Henriqueta Cavalcante, a desigualdade social e a falta de políticas públicas oferecem poucas alternativas de trabalho para jovens e adolescentes no Pará e no Amapá.

Nos dois estados, há alto índice de tráfico de pessoas para as capitais da Guiana Francesa e do Suriname – Caiena e Paramaribo, respectivamente. Em muitos casos, essas pessoas trabalham em condição análoga à escravidão, informou a coordenadora.

“O tráfico acontece ao nosso lado e não sabemos identificar”, disse a religiosa, que é ameaçada de morte e vive acompanhada de escolta policial. Parte do depoimento da irmã Henriqueta sobre a rede de tráfico foi feita a portas fechadas, por razões de segurança.

Para o coordenador-geral da Comissão de Erradicação do Trabalho Escravo da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), José Armando Guerra, não há na legislação brasileira a tipificação de tráfico internacional de pessoas. De acordo com o Código Penal, só há previsão de punição para aliciamento de brasileiros para trabalho em condições análogas à escravidão.

“Essas pessoas não conseguem se inserir no mercado de trabalho e são potenciais vítimas de trabalho escravo. O primeiro registro civil que esses trabalhadores têm é, muitas vezes, a carteira de trabalho recebida na hora da libertação”, explicou o coordenador.

O subsecretário de Inspeção do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego, Renato Bignami, informou ainda que a terceirização do trabalho é um canal para o tráfico de pessoas no Brasil. Segundo ele, na maior parte das situações degradantes encontradas pela fiscalização do ministério, os trabalhadores estão em regime de subcontratação.

Acompanhe tudo sobre:Política no BrasilAmérica LatinaDados de BrasilCâmara dos DeputadosCrimeDrogasabuso-sexualTrabalho escravo

Mais de Brasil

Livro resgata a história de Jane Catulle Mendès, criadora da expressão ‘cidade maravilhosa’

Partidos de esquerda do Rio voltam a indicar divisão para chapa de senador em 2026

Anistia será votada? Bolsonaro terá pena reduzida? Entenda os próximos passos do projeto na Câmara

Governo nunca teve intenção de acabar com CPTM, mas futuro será desenhado, diz presidente da estatal