Em coletiva de imprensa sobre o surto de intoxicações por metanol nesta segunda-feira, 6, o governador de São Paulo explica o andamento das investigações e ações de fiscalização (Divulgação / Governo de SP/Flickr)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 6 de outubro de 2025 às 15h44.
Última atualização em 6 de outubro de 2025 às 16h48.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), disse nesta segunda-feira, 6, que os comerciantes e os estabelecimentos que não conseguirem comprovar a origem das bebidas que estão vendendo não poderão operar no estado.
"A partir do momento que não se permite quem está fora da regra do jogo de operar, isso vira um fator de dissuasão. Nossa ideia é que todo mundo possa operar dentro da regra do jogo", afirmou Tarcísio durante coletiva de imprensa com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) . “Quem não conseguir comprovar da onde sua bebida está vindo, terá a inscrição estadual caçada e não poderá operar.”
Em meio aos crescentes casos de intoxicação por metanol em São Paulo, o governo estadual realiza operações de fiscalização, interdição e cassação preventiva de inscrições estaduais de bares e distribuidoras de bebidas alcoólicas.
Segundo a gestão paulista, 11 estabelecimentos foram interditados cautelarmente, entre eles, adegas, distribuidoras de bebidas e bares.
De acordo com Tarcísio, o governo tem trabalhado com o cruzamento de notas fiscais.
"A gente parte do final da cadeia, do bar de onde partiu a contaminação. Cruza a nota fiscal para ver a origem da bebida, qual foi o distribuidor que vendeu. A gente bate no distribuidor e faz a fiscalização", disse.
Além disso, a Secretaria da Fazenda e Planejamento suspendeu preventivamente as inscrições estaduais de seis distribuidoras e dois bares.
Até o momento, o governo apontou que a principal linha investigativa se concentra no uso de metanol para a lavagem de garrafas destinadas à falsificação.
No entanto, a SSP não descarta a possibilidade da contaminação em destilarias clandestinas e na mistura de bebidas.
Em nota, a SSP já havia afirmado na sexta-feira, 3, que a principal linha investigativa da Polícia Civil de São Paulo era de que a contaminação por metanol ocorreu durante a limpeza de vasilhames destinados à falsificação.
Nesta segunda-feira, Guilherme Derrite, secretário de Segurança Pública de São Paulo no governo Tarcísio de Freitas, voltou a frisar que outras linhas também estão sendo investigadas.
“A questão da adulteração não é a hipótese principal. Porém, não é descartada. A hipótese é que, utilizando um etanol que achavam que era puro e de boa qualidade, ele poderia estar contaminado por metanol. E no processo de adulteração, da mistura de bebida, nessas destilarias clandestinas, pode ter ocorrido a contaminação”, afirmou.
Quanto ao perfil dos criminosos, Derrite diz que está claro para a Polícia Civil que não há participação do crime organizado nos casos.
"Esse são os motivos que a gente pode pontuar: são locais distintos, nenhum dos 41 presos são faccionados", disse.
De acordo com o secretário, o crime organizado em São Paulo tem como objetivo principal o lucro, que é exponencial no tráfico de drogas.
"Na questão da bebida, o lucro é infinitamente inferior. Por que uma organização que lucra exponencialmente com exportação de pasta base de cocaína, por exemplo, ia migrar para um negócio muito menos rentável? Até aqui, não há nenhum indício da participação do PCC nesse processo todo”, afirmou.
Tarcísio ponderou que, além das investigações e da fiscalização, a notificação dos casos é outro processo que requer cuidado, para evitar números abaixo ou acima da realidade.
“Temos muitos suspeitos, mas poucos casos confirmados. Essa distinção tem que ser feita, precisamos saber qual é a extensão do dano”, afirmou.
Até o momento, foram confirmados pelo governo estadual 14 casos de intoxicação por metanol e 178 casos suspeitos, com dois óbitos confirmados. Foram também descartados 15 casos, que estavam sob suspeita.
"O epicentro é a cidade de São Paulo", disse o governador. A capital concentra 85 casos, entre suspeitos ou confirmados.
Para se confirmar ou descartar um caso, são feitos exames laboratoriais. O governo estadual disse estar reforçando a logística necessária para isso, em parceria com centros de referência como o Laboratório de Toxicologia Analítica Forense (LATOF) da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto.
Desde o início da crise, o governo enviou aos profissionais de saúde Notas Técnicas e alertas que detalham como identificar e tratar de casos de intoxicação de metanol.
“O mais importante é o tratamento ágil das pessoas que procuram os postos de saúde”, disse Tarcísio.
Casos suspeitos estão sendo tratados com o mesmo protocolo de confirmados, de acordo com o governador.
O uso de antídotos também integra essa frente de ação. A gestão paulista disponibilizou 2.500 ampolas de álcool etílico absoluto a 20 hospitais de referência.
Os casos estão distribuídos em 26 municípios paulistas, com a capital liderando as notificações, seguida por cidades da região metropolitana e do interior:
Embu, Embu das Artes, Ferraz de Vasconcelos, Itapecerica da Serra, Itu, Jacareí, Jundiaí, Limeira, Mauá, Ribeirão Preto, Rio Claro, Santos, São Vicente, Taboão da Serra e Vinhedo contam com 1 caso cada município.