Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva durante coletiva de imprensa. Palácio do Planalto, Brasília - DF. Foto: Ricardo Stuckert / PR (Ricardo Stuckert / PR/Flickr)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 4 de junho de 2025 às 07h00.
Última atualização em 4 de junho de 2025 às 15h35.
A desaprovação do trabalho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) atingiu o seu pior patamar desde o início do governo, segundo a pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 4. O levantamento mostra que 57% dos brasileiros desaprovam a gestão petista, 40% aprovam e 3% não sabem ou não responderam.
Este é o terceiro mês consecutivo que a desaprovação ultrapassa a aprovação. A diferença entre a avaliação positiva e negativa é de 17 pontos percentuais.
Na comparação com a pesquisa de março, a reprovação teve uma variação positiva de um ponto percentual, de 56% para 57%, enquanto a aprovação teve uma oscilação negativa de um ponto, de 41% para 40%.
Apesar de um crescimento menor dos indicadores negativos para a gestão petista, a popularidade segue em uma tendência de piora. Esse é o primeiro levantamento do instituto após a crise do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
No fim de abril, a Polícia Federal deflagrou uma operação que revelou um esquema de desvios de descontos associativos não autorizados por segurados do INSS. As entidades cobraram de aposentados e pensionistas R$ 6,3 bilhões.
O governo corre para operacionalizar a devolução de valores de beneficiários afetados. Um sistema para questionamento dos descontos foi disponibilizado no dia 14 de abril. O planejamento da gestão petista é anunciar um cronograma de devoluções até o fim deste mês.
A pesquisa, realizada entre os dias 29 de maio e 1 de junho, ouviu 2.004 brasileiros com 16 anos ou mais, através de entrevistas presenciais com questionários estruturados. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, e o índice de confiança é de 95%.
Segundo a Quaest, a pesquisa traz um paradoxo. Mostra queda na percepção negativa dos brasileiros sobre a economia e alta aprovação entre os que conhecem projetos como a isenção de imposto de renda até R$ 5 mil e a distribuição de gás de cozinha. Mesmo assim, a deterioração da avaliação dos principais grupos de apoio do presidente persiste.
Para o cientista político Felipe Nunes, CEO da Quaest, um dos motivos para essa contradição é a ampla repercussão de notícias negativas, como a crise do INSS.
"A forte repercussão de notícias como o escândalo do INSS diminuiu o efeito positivo da economia e do lançamento dos novos projetos e programas do governo. O eleitor está mais difícil de ser convencido, e o governo ainda não conseguiu atender às expectativas produzidas durante a eleição. O governo está perdendo tempo”, disse em nota.
A avaliação da economia brasileira apresentou uma melhora significativa, com uma queda na percepção negativa dos últimos 12 meses. Em março, 56% dos brasileiros acreditavam que a situação havia piorado, enquanto na pesquisa atual esse número caiu para 48%. Para 30%, a situação não sofreu alterações, e 18% acreditam que houve melhora.
A percepção sobre a alta do custo de vida também registrou um recuo, embora os índices ainda permaneçam elevados. A alta nos preços dos alimentos foi apontada por 79% dos entrevistados, uma redução em relação aos 88% de março. A percepção sobre o aumento do preço da gasolina diminuiu de 70% para 54%, enquanto nas contas de água e luz, o recuo foi de 5 pontos percentuais, passando de 65% para 60%.
O poder de compra dos brasileiros ainda é considerado inferior ao de um ano atrás por 79% da população (81% em março), e as opiniões sobre a qualidade de vida da família se aproximaram: 35% acreditam que piorou, 33% que melhorou, e 31% consideram que não houve mudanças. O mercado de trabalho, no entanto, continua sendo uma preocupação para muitos. Cerca de 55% dos brasileiros acham mais difícil conseguir emprego hoje do que há um ano, enquanto 35% acreditam que está mais fácil.
Quanto às expectativas para os próximos 12 meses, houve uma ligeira melhora no otimismo. 45% dos entrevistados esperam que a situação melhore, enquanto 30% aguardam uma piora e 21% não acreditam que haverá mudanças significativas.
Entre todos os grupos, o governo Lula tem aprovação superior a negativa apenas no Nordeste, entre os beneficiários do Bolsa Família e no grupo de 60 anos ou mais. Os grupos com maior percentual de reprovação são os moradores do Sudeste, os evangélicos e aqueles com renda superior a 5 salários mínimos.
Na comparação com a pesquisa anterior, Lula registrou melhora significativa da aprovação apenas no Nordeste, entre quem ganha de 2 a 5 salários mínimos, com uma alta de 7 pontos percentuais, a maior da pesquisa, e pessoas entre 16 e 34 anos. Entre o católicos, o petista registrou pela primeira uma reprovação maior que aprovação e vê uma queda de popularidade entre quem ganha até 2 salários mínimos.
No recorte regional, a aprovação no Nordeste é de 54%, com 46% de desaprovação. No Sudeste, a reprovação é de 64%, com 32% de aprovação. No Sul, a aprovação é de 37%, enquanto a desaprovação é de 59%, e no Centro-Oeste/Norte, a avaliação positiva é de 42%, com 55% de negativa.
No recorte por sexo, as mulheres apresentam 42% de aprovação e 54% de rejeição ao trabalho de Lula, enquanto os homens têm 39% de aprovação e 59% de desaprovação.
Na faixa etária, o grupo de 16 a 34 anos tem 37% de aprovação e 60% de rejeição. O grupo de 35 a 59 anos tem 38% de aprovação e 59% de desaprovação. Já o grupo de 60 anos ou mais tem 52% de aprovação e 45% de rejeição.
No recorte por escolaridade, os indivíduos com até o Ensino Fundamental apresentam 50% de aprovação e 47% de rejeição. Os com Ensino Médio Completo têm 37% de aprovação e 61% de desaprovação, enquanto os com Ensino Superior Completo têm 33% de aprovação e 64% de rejeição.
No recorte por renda familiar, os beneficiários do Bolsa Família têm 51% de aprovação e 44% de desaprovação. Entre os que têm renda superior a 5 salários, a aprovação é de 38%, com 61% de rejeição.
No recorte religioso, entre os católicos, a aprovação é de 45%, com 53% de desaprovação. Já entre os evangélicos, a aprovação é de 30%, com 66% de rejeição.