Agência de notícias
Publicado em 10 de setembro de 2025 às 18h14.
Última atualização em 10 de setembro de 2025 às 19h11.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino pediu uma investigação à Polícia Federal por ameaças contra ele recebidas pela internet.
Segundo o magistrado, essas coações se intensificaram após os últimos acontecimentos relacionados ao Nepal, o que, para ele, demonstra a gravidade da situação e “necessidade de atuação das autoridades competentes”. O pedido acontece também após o voto do ministro pela condenação dos oito réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, na trama golpista.
“São milhares de postagens em redes sociais, incentivando ataques letais aos ministros e seus familiares, bem como a destruição da Sede do STF. A representação busca garantir que a Polícia Federal adote todas as medidas cabíveis para identificar os autores das gravíssimas ameaças”, diz o gabinete do ministro em nota.
Na terça-feira, Dino votou para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro Braga Netto e os demais seis réus da trama golpista. O magistrado, no entanto, sinalizou que vê uma participação menor na ofensiva dos ministros Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e do deputado Alexandre Ramagem. O tamanho da pena de cada um será definido em uma fase posterior do julgamento, caso a decisão da Primeira Turma seja pela condenação.
Ele também afirmou que Bolsonaro e Braga Netto eram os líderes da trama golpista e que a Constituição veda a anistia a crimes contra a democracia. O ministro ainda rebateu o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que afirmou que o ministro Alexandre de Moraes promove uma "tirania".
Antes do voto de Dino, Moraes, relator do caso, se posicionou pela condenação de todos os acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O Nepal viveu nesta semana uma onda de protestos sem precedentes, liderada por jovens da chamada “geração Z”, que tomou as ruas contra a desigualdade social, a corrupção e o bloqueio das redes sociais imposto pelo governo. Em apenas dois dias, a revolta transformou Katmandu em cenário de caos: prédios governamentais, casas de ministros, o Parlamento e até a Suprema Corte foram incendiados. Autoridades foram agredidas pela multidão e o primeiro-ministro Khadga Prasad Oli acabou renunciando diante da pressão popular.
O estopim da revolta foi a decisão de restringir o acesso às plataformas digitais, usadas pelos jovens para denunciar a ostentação da elite política em contraste com a pobreza generalizada. Hoje, um em cada cinco nepaleses vive abaixo da linha da pobreza e 22% dos jovens estão desempregados. Com escândalos de corrupção e impunidade recorrentes, a mobilização ganhou força e expôs a fragilidade de uma democracia ainda recente — instaurada apenas em 2008, após a abolição da monarquia — e que segue marcada por instabilidade política e econômica.