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Eduardo Bolsonaro celebra decisão do governo Trump de proibir entrada de Moraes nos EUA

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro agradeceu ao presidente americano Donald Trump e ao secretário de Estado Marco Rubio pela decisão contra o ministro do STF

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 18 de julho de 2025 às 21h03.

Última atualização em 18 de julho de 2025 às 21h16.

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Após o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, anunciar que o governo Donald Trump vai proibir a entrada do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes, no país, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) celebrou a decisão e agradeceu às autoridades norte-americanas.

"Eu não posso ver meu pai e agora tem autoridade brasileira que não poderá ver seus familiares nos EUA também - ou quem sabe até perderão seus vistos", declarou o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro em uma publicação no X (antigo Twitter).

No anúncio, feito também pelo X, Marco Rubio disse que a decisão vai valer também para os familiares de Moraes e "seus aliados" no STF.

"Ordenei a revogação de visto para Moraes e seus aliados na corte, assim como para familiares diretos imediatamente", escreveu.

Operação contra Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de uma operação da Polícia Federal na manhã desta sexta-feira, 18, que cumpriu mandados de busca e apreensão em sua residência em Brasília, no bairro Jardim Botânico, e também em outros locais, como a sede do PL (Partido Liberal) na capital federal.

Entre as medidas determinadas contra Bolsonaro estão:

  • Uso de tornozeleira eletrônica;
  • Proibição de utilizar redes sociais;
  • Proibição de manter comunicação com seu filho, Eduardo Bolsonaro;
  • Obrigatoriedade de permanecer em casa entre 19h e 7h, além dos finais de semana;
  • Proibição de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros, bem como de se aproximar de embaixadas;
  • Proibição de manter contato com réus e outros investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Os crimes apontados no processo

O processo que envolve Bolsonaro é derivado da Ação Penal 2668, em que ele é acusado de ser líder de uma organização criminosa com o objetivo de atentar contra o Estado Democrático de Direito.

A investigação da Polícia Federal aponta que tanto o ex-presidente quanto seu filho, Eduardo Bolsonaro, utilizaram recursos para interferir nas investigações e ameaçar o regular andamento dos processos judiciais.

As acusações incluem a prática de coação no curso do processo, que se refere a tentativas de influenciar o julgamento da Ação Penal 2668/DF, e obstrução de investigação, com o objetivo de prejudicar as investigações sobre os eventos pós-eleições de 2022.

Além disso, o ex-presidente é acusado de atentar contra a soberania nacional, ao tentar negociar com governos estrangeiros, principalmente o dos Estados Unidos, para a imposição de sanções contra autoridades brasileiras, como membros do STF e da Polícia Federal.

Esses atos configurariam uma tentativa de subordinar o funcionamento da Corte Suprema a interesses externos, o que é uma violação da Constituição.

Coletiva de Bolsonaro é apontada no documento

Na coletiva de imprensa de Bolsonaro realizada na última terça-feira, 17, o ex-presidente fez declarações que foram interpretadas pela investigação como uma confissão explícita de sua tentativa de interferir no processo judicial que tramita no STF.

Segundo o documento, Bolsonaro, ao comentar o andamento da Ação Penal 2668, mencionou condições de impunidade relacionadas ao seu processo, o que gerou uma forte reação das autoridades.

Ele foi acusado de coagir o STF e ameaçar o Poder Judiciário, afirmando que a imposição de tarifas econômicas por parte dos Estados Unidos seria um fator importante para o fim das acusações contra ele e sua família.

"O comportamento de ruptura com regras elementares de atuação em sociedade, que está estampado publicamente, se torna ainda mais grave quando se leva em conta o anúncio de novas medidas empreendidas contra a soberania do país, o Estado Democrático de Direito e autoridades brasileiras", diz o documento.

O papel de Eduardo Bolsonaro, segundo o STF

As investigações apontam um alinhamento claro entre as ações de Bolsonaro e as de seu filho, Eduardo Bolsonaro. Segundo a Polícia Federal, ambos estariam atuando em conjunto para embaraçar o andamento das investigações e da Ação Penal 2668, além de promoverem ataques à independência do Poder Judiciário.

A colaboração entre os dois se manifestou de diversas formas, como nas postagens em redes sociais, nas quais incitaram ações hostis contra autoridades brasileiras e buscaram apoio externo, principalmente dos Estados Unidos, para ações que poderiam impactar as investigações e até as relações econômicas entre Brasil e EUA.

Além disso, Jair Bolsonaro admitiu ter repassado R$ 2 milhões para seu filho Eduardo, por meio de uma transferência via Pix, no dia 13 de maio de 2025, enquanto ele estava no exterior.

O valor, segundo a investigação, foi transferido diretamente da conta bancária de Jair Bolsonaro para a conta de seu filho, em um claro alinhamento das ações de ambos com o objetivo de interferir na justiça e nas investigações.

Ameaças de sanções econômicas 

Um dos pontos mais graves levantados pelas investigações é a interferência externa promovida pela família Bolsonaro, com apoio de autoridades norte-americanas.

Em suas postagens, Eduardo Bolsonaro agradeceu ao governo dos Estados Unidos e pressionou pela imposição de sanções econômicas contra o Brasil, o que, segundo o documento, teria como objetivo pressionar o Poder Judiciário brasileiro.

Bolsonaro também se manifestou publicamente em apoio às ações externas, incluindo a repostagem de mensagens de apoio do ex-presidente dos EUA, Donald Trump, que atacava as instituições brasileiras e ameaçava com tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros.

As ações, que podem configurar tentativa de interferência nos assuntos internos do Brasil, são vistas pelo STF como uma forma de obstrução à justiça e tentativa de obter impunidade nas investigações, com o objetivo de enfraquecer a autoridade das instituições brasileiras e interromper a ação judicial contra o ex-presidente.

As medidas cautelares

Diante das evidências levantadas pela Polícia Federal, o Supremo Tribunal Federal determinou a imposição de medidas cautelares para garantir a continuidade das investigações e a ordem pública. Bolsonaro foi proibido de sair da comarca sem autorização judicial, além de ter que cumprir recolhimento domiciliar noturno e monitoramento eletrônico.

Além disso, ele está proibido de se aproximar de sedes de embaixadas e de manter contato com embaixadores ou autoridades estrangeiras. A proibição de uso de redes sociais também foi imposta para evitar que o ex-presidente continue influenciando a opinião pública ou obstruindo o andamento das investigações.

A Polícia Federal também foi autorizada a realizar buscas e apreensões domiciliares para apreender aparelhos eletrônicos e documentos que possam reforçar as provas da prática de crimes relacionados à obstrução de justiça e interferência externa.

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