(Agência Câmara/Agência Câmara)
Agência de notícias
Publicado em 21 de julho de 2025 às 11h04.
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) fez ameaças à Polícia Federal (PF) durante uma live transmitida nas redes sociais, neste domingo, 20, dois dias após a operação que teve como alvo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), na última sexta-feira.
O parlamentar atacou policiais e citou o delegado Fábio Shor, responsável pelos principais inquéritos contra Bolsonaro, além voltar a fazer menções sobre o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, tratou as declarações como uma "covarde tentativa de intimidação".
"Vai lá, cachorrinho da Polícia Federal que tá me assistindo, deixa eu saber não. Se eu ficar sabendo quem é você, eu vou me mexer aqui. Pergunta ao tal delegado Fábio Alvarez Shor se ele conhece a gente", afirmou o parlamentar sobre as recentes ações da corporação.
Rodrigues disse que a PF adotará as providências legais cabíveis, incluindo os novos ataques nas investigações já em andamento. O parlamentar é alvo de inquérito por suposta obstrução de Justiça, coação no curso do processo e tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
“Recebi com indignação mais essa covarde tentativa de intimidação aos servidores policiais”, afirmou Rodrigues ao blog da Andréia Sadi, do portal de notícias g1. "Nenhum investigado intimidará a Polícia Federal", completou.
Eduardo é escrivão licenciado da PF e já foi alvo de um procedimento administrativo disciplinar (PAD) no início do ano por declarações anteriores contra Fábio Alvarez Shor. O delegado, inclusive, será ouvido nesta segunda-feira pelo STF, na oitiva de testemunhas do núcleo 2 e o início dos depoimentos do núcleo 3 na ação penal que investiga a trama golpista.
O deputado também voltou a fazer menções ao ministro Alexandre de Moraes. De acordo com o parlamentar, ele irá se esforçar para "tirar" o magistrado da Corte. Além disso, Eduardo afirmou que Moraes tem "argumentos rasos" e é "medíocre com a caneta na mão".
"O ideal seria ele (Alexandre de Moraes) fora do STF. Trabalharei para isso também, tá, Moraes? Então, quando falamos que o visto foi só o começo, é porque o nosso objetivo será te tirar da Corte. Você não é digno de estar no topo do Poder Judiciário", declarou.
Na semana passada, Eduardo afirmou que a única solução para o fim das tarifas impostas por Donald Trump aos produtos brasileiros é uma "anistia ampla, geral e irrestrita" aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro. O parlamentar disse que o presidente Lula (PT) e o ministro Alexandre de Moraes "estão sem controle", e defendeu que os Estados Unidos sancionem o magistrado.
"Lula e Moraes estão sem controle, abusando de seus poderes, cometendo atos jamais feitos pela Suprema Corte", afirmou Eduardo, na quinta-feira, nas redes sociais. Ele também classificou os condenados por tentativa de golpe de estado como "presos políticos" e aliados que deixaram o Brasil espontaneamente como "políticos e jornalistas exilados", além de ter reforçado a narrativa de que há "censura descarada" no país.
Bolsonaro terá que cumprir recolhimento domiciliar noturno e usar tornozeleira eletrônica. Ele também está proibido de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros, se aproximar de embaixadas e não pode utilizar redes sociais. A motivação deriva das suspeitas de cometimento dos crimes de coação no curso do processo, obstrução à Justiça e ataque à soberania nacional.
A ação da PF teve como foco o cumprimento de um mandado de busca e apreensão na residência dele em Brasília e no escritório dele na sede do PL na capital. Por determinação do ministro Alexandre de Moraes, o ex-mandatário deverá cumprir, a partir de agora, uma série de medidas cautelares. Na ordem emitida pelo magistrado, não consta um pedido de prisão.
Os investigadores também identificaram o risco de fuga do país. Na sexta-feira, foram apreendidos ao menos US$ 14 mil e R$ 8 mil, em dinheiro, na residência dele. No local, também foram encontrados um pendrive escondido no banheiro e uma cópia também da petição inicial da rede social Rumble contra Moraes.