Presidente da Republica, Luiz Inacio Lula da Silva, durante Encontro com o Primeiro-Ministro da República da Índia, Narendra Modi. Hiroshima, Japão. (Ricardo Stuckert/PR/Divulgação)
Repórter
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 14h10.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve uma conversa telefônica com Narendra Modi, primeiro-ministro da Índia, nesta quinta-feira, 7, um dia após Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, impor tarifa adicional de 25% sobre produtos indianos, elevando a taxa total para 50%.
Com essa decisão, a sanção tarifária aplicada pela Índia aos Estados Unidos se iguala àquela imposta pelo Brasil. Durante a conversa, os dois líderes discutiram as tarifas e reforçaram a importância do multilateralismo.
De acordo com o governo brasileiro, a conversa durou cerca de uma hora. Os líderes discutiram o cenário econômico internacional e a imposição de tarifas unilaterais. 'Brasil e Índia são, até o momento, os dois países mais afetados. Ambos reafirmaram a importância em defender o multilateralismo e a necessidade de fazer frente aos desafios da conjuntura, e explorar possibilidades de maior integração entre os dois países", disse a nota oficial do Planalto.
O governo federal informou que Lula confirmou sua visita de Estado à Índia, que ocorrerá no início do próximo ano. O vice-presidente Geraldo Alckmin viajará à Índia em outubro para participar de uma reunião do Mecanismo de Monitoramento de Comércio. "A delegação contará com ministros e empresários brasileiros para tratar de cooperação nas áreas de comércio, defesa, energia, minerais críticos, saúde e inclusão digital."
A troca de informações entre os dois presidentes também incluiu o sistema de pagamentos, com Lula e Modi discutindo o PIX brasileiro e o sistema indiano UPI. A meta de ambos é aumentar o comércio bilateral para mais de US$ 20 bilhões até 2030. "Para isso, concordaram em ampliar a cobertura do acordo entre Mercosul e Índia", detalha a nota oficial brasileira.
Lula busca uma resposta coletiva junto a outros países atingidos pelas tarifas, como a China. Brasil, Índia e China, que são membros do Brics, têm sido vistos como adversários das políticas comerciais americanas durante o governo Trump.
Lula e Modi mantêm uma boa relação diplomática. Após a cúpula do Brics em julho, realizada no Rio de Janeiro, o presidente brasileiro recebeu o premiê indiano no Palácio da Alvorada para firmar acordos bilaterais.
A imposição das taxas de importação à Índia pelos EUA foi anunciada pela Casa Branca na quarta-feira, 6, logo após negociações entre os Estados Unidos e a Rússia sobre a guerra na Ucrânia não gerarem avanços. Brasil e Índia são membros fundadores do Brics, ao lado da China e da Rússia. Atualmente, a balança comercial favorece a Índia, que registrou um superávit de US$ 45,7 bilhões com os EUA em 2024.
Uma semana antes, Trump havia anunciado a aplicação de uma penalidade adicional à Índia devido às compras de energia feitas junto à Rússia. Em um post nas redes sociais, o presidente americano afirmou que a Índia possui tarifas "entre as mais altas do mundo" e impõe as "barreiras comerciais não monetárias mais rigorosas e ofensivas de qualquer país". Trump acusou ainda a Índia de "alimentar a máquina de guerra ao comprar petróleo russo", ignorando as mortes de civis na Ucrânia.
Aliados da Ucrânia alegam que as compras de energia feitas por Índia, China e outros países ajudam a sustentar a economia de Putin e enfraquecem a pressão sobre Moscou para encerrar uma guerra que já dura quatro anos.
Trump também acusou o governo de Modi de dificultar o acesso a produtos americanos e criticou a participação da Índia no Brics.
"Constato que o governo da Índia está atualmente importando petróleo da Federação Russa, direta ou indiretamente. Assim sendo, e em conformidade com a legislação aplicável, os artigos provenientes da Índia importados para o território aduaneiro dos Estados Unidos estarão sujeitos a uma alíquota adicional de 25%", diz a ordem executiva assinada por Trump e divulgada pela Casa Branca.
A nova tarifa, que se soma a uma sobretaxa específica de 25% para cada país, começará a valer em 21 dias, de acordo com o decreto assinado por Trump.
País | Tarifa |
---|---|
Afeganistão | 15% |
Argélia | 30% |
Angola | 15% |
Bangladesh | 20% |
Bolívia | 15% |
Bósnia e Herzegovina | 30% |
Botswana | 15% |
Brasil | 10% (+ 40%) |
Brunei | 25% |
Camboja | 19% |
Camarões | 15% |
Chade | 15% |
Costa Rica | 15% |
Costa do Marfim | 15% |
República Democrática do Congo | 15% |
Equador | 15% |
Guiné Equatorial | 15% |
União Europeia | 15% |
Ilhas Malvinas | 10% |
Fiji | 15% |
Gana | 15% |
Guiana | 15% |
Islândia | 15% |
Índia | 50% |
Indonésia | 19% |
Iraque | 35% |
Israel | 15% |
Japão | 15% |
Jordânia | 15% |
Cazaquistão | 25% |
Laos | 40% |
Lesoto | 15% |
Líbia | 30% |
Liechtenstein | 15% |
Madagascar | 15% |
Malauí | 15% |
Malásia | 19% |
Maurício | 15% |
Moldávia | 25% |
Moçambique | 15% |
Mianmar | 40% |
Namíbia | 15% |
Nauru | 15% |
Nova Zelândia | 15% |
Nicarágua | 18% |
Nigéria | 15% |
Macedônia | 15% |
Noruega | 15% |
Paquistão | 19% |
Papua-Nova Guiné | 15% |
Filipinas | 19% |
Sérvia | 35% |
África do Sul | 30% |
Coreia do Sul | 15% |
Sri Lanka | 20% |
Suíça | 39% |
Síria | 41% |
Taiwan | 20% |
Tailândia | 19% |
Trinidad e Tobago | 15% |
Tunísia | 25% |
Turquia | 15% |
Uganda | 15% |
Reino Unido | 10% |
Vanuatu | 15% |
Venezuela | 15% |
Vietnã | 20% |
Zâmbia | 15% |
Zimbábue | 15% |