Sancionada em abril, a Lei da Reciprocidade permite ao Brasil adotar medidas como suspensão de concessões, quebra de patentes e restrições a importações em resposta a ações de outros países (Leandro Fonseca/Exame)
Redação Exame
Publicado em 9 de julho de 2025 às 21h24.
Última atualização em 9 de julho de 2025 às 21h35.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu na noite desta quarta-feira, 9, ao anúncio de Donald Trump de taxar em 50% tarifas sobre importações do Brasil.
Ele afirmou que o Brasil não aceitará ser tutelado por ninguém e que a elevação unilateral de tarifas sobre exportações brasileiras anunciada pelo presidente dos Estados Unidos será respondida com base na Lei da Reciprocidade Econômica.
Aprovada por unanimidade na Câmara e no Senado, a lei foi sancionada em abril deste ano. Como mostrou a EXAME na época, a medida deu ao Brasil instrumentos para negociar em pé de igualdade com outros países, segundo parlamentares e técnicos do governo ouvidos pela reportagem.
A possibilidade de quebra de patentes de medicamentos e defensivos agrícolas foi apontada como a principal ferramenta de barganha em meio à guerra tarifária global iniciada pelos Estados Unidos.
A projeto da Reciprocidade, originalmente, tratava de equiparar exigências de controle ambiental, mas também cria barreiras econômicas para outros países ou blocos que afetem a competitividade brasileira no exterior.
Com a lei, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério de Indústria e Comércio terá poderes para suspender concessões comerciais e de investimentos em resposta a países ou blocos econômicos que impactam negativamente a competitividade dos produtos nacionais.
A Camex também poderia adotar medidas de restrição às importações e suspender concessões, patentes ou remessas de royalties, além de aplicar taxações extras sobre os países a serem retaliados.
Pelas regras de antes, o Brasil não podia aplicar tarifas unilateralmente a um país, o que poderia dificultar a resposta a Trump — se essa vier por meio de retaliação.