Santa Catarina lidera no uso de carro, com 48% dos deslocamentos. (LEVI BIANCO - BRAZIL PHOTO PRESS/Getty Images)
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Publicado em 9 de outubro de 2025 às 10h07.
Última atualização em 9 de outubro de 2025 às 10h08.
O Censo Demográfico 2022: Deslocamentos para trabalho e estudo, divulgado nesta quinta-feira, 9, pelo IBGE, trouxe pela primeira vez dados sobre como os brasileiros se deslocam para o trabalho. De acordo com o levantamento, o carro é o meio mais usado, com 32,3% dos trabalhadores.
A segunda posição é ocupada pelo ônibus, com 21,4%, em seguida a motocicleta, com 16,4%. Juntos, esses três meios representam 70% dos deslocamentos no país, o que equivale a 48,9 milhões de pessoas.
O levantamento evidenciou ainda que 18% dos brasileiros vão a pé para o trabalho e 6% usam bicicleta.
Principais meios de transporte no Brasil:
Apesar de serem considerados os meios mais eficientes para grandes as cidades, o metrô e o trem ainda atendem apenas 1,6% dos trabalhadores brasileiros. Em números absolutos, somente cerca de 1,1 milhão de pessoas que dependem desses sistemas.
Outros meios de transporte coletivo também têm baixa participação, como vans e peruas com 1,4%, enquanto o BRT aparece com menos de 1%.
Esse cenário é a consequência do histórico de investimentos em rodovias no país e a falta de sistemas de transporte público de qualidade em muitas regiões.
Quando o assunto é mobilidade, cada região do país tem seu padrão de deslocamento. No Sul e no Centro-Oeste, por exemplo, mais da metade dos trabalhadores usa carro ou moto para ir ao trabalho.
Vale destacar que a Região Sul registra o maior uso de automóvel do Brasil, com 45,9% dos trabalhadores. Em contrapartida, o Norte e o Nordeste lideram no uso de motocicleta, com índices bem acima da média nacional.
Uso de motocicleta por região:
Em estados como Rondônia e Piauí, o caso é ainda mais chamativo, já que mais de 42% dos trabalhadores vão de moto para o trabalho. Já Santa Catarina lidera no uso de carro, com 48% dos deslocamentos.
Além do uso das motocicletas, o Nordeste também se destaca com três em cada dez trabalhadores se deslocando a pé ou de bicicleta, ocupando, assim, o maior índice do país.
O levantamento ainda traz uma relação direta entre escolaridade e meio de transporte. Entre pessoas com ensino superior completo, 58% usam carro para ir ao trabalho. Por sua vez, entre quem tem baixa escolaridade, esse percentual cai para 19%.
Nesse sentido, quem tem menos estudo depende mais de ônibus, motocicleta e deslocamentos a pé ou de bicicleta. O uso de metrô e trem, embora pequeno no cenário nacional, também cresce conforme aumenta o nível de instrução.
Sobre o recorte por raça, a análise mostra padrões semelhantes, com a população branca representando 59% de todos os usuários de automóvel no país.
Por outro lado, entre a população preta, é o ônibus o meio de deslocamento mais usado, com 29,5%. A população parda forma a maioria dos usuários de moto (51,6%) e bicicleta (52,1%).
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse recentemente que a gratuidade do transporte público deve ser uma das propostas da campanha do presidente Lula em 2026.
Durante o programa "Bom Dia, Ministro", da EBC, Haddad afirmou que a pasta está retomando estudos sobre o tema para mapear os custos do setor, os subsídios já pagos e os gastos das empresas com vale-transporte.
"Vamos perseverar para verificar quais são as possibilidades de melhorar isso, que tem um apelo social muito forte", disse.
A ideia surge justamente em um momento em que o transporte coletivo perde espaço para o individual e as grandes cidades enfrentam problemas crônicos de mobilidade.