Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 27 de junho de 2025 às 10h06.
Última atualização em 27 de junho de 2025 às 10h06.
A taxa de fecundidade no Brasil caiu para 1,55 filhos por mulher, com aumento da idade média das mães, segundo dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira, 27. Em 2010, a taxa era de 1,90 filhos por mulher.
Na comparação com outros países, o Brasil apresenta uma taxa de fecundidade inferior à da Nigéria, França e Estados Unidos, enquanto é menor do que a da Argentina, Chile e Itália.
O estudo mostra que essa diminuição tem ocorrido de forma desigual entre as diferentes regiões do país. Enquanto o Sul e o Sudeste experimentaram uma queda precoce nas taxas de fecundidade, o Norte e o Nordeste acompanharam esse movimento mais tardiamente, com o Nordeste apresentando uma redução mais acentuada nos últimos anos.
Segundo o IBGE, a mudança no padrão reprodutivo também é refletida na alteração do pico da fecundidade, ou seja, a maioria dos nascimentos, que antes acontecia em mulheres com idades entre 20 e 24 anos, passou a ocorrer entre mulheres com idades entre 25 e 29 anos.
A mudança reflete o envelhecimento da curva de fecundidade, uma tendência observada em todas as regiões, embora com intensidades variadas, de acordo com o nível de desenvolvimento e a transição demográfica de cada local.
Taxas de fecundidade total - Brasil e Grandes Regiões - 1960/2022 | |||||||
Nível geográfico | 1960 | 1970 | 1980 | 1991 | 2000 | 2010 | 2022 |
Brasil | 6,28 | 5,76 | 4,35 | 2,89 | 2,38 | 1,90 | 1,55 |
Norte | 8,56 | 8,15 | 6,45 | 4,20 | 3,16 | 2,47 | 1,89 |
Nordeste | 7,39 | 7,53 | 6,13 | 3,75 | 2,69 | 2,06 | 1,60 |
Sudeste | 6,34 | 4,56 | 3,45 | 2,36 | 2,10 | 1,70 | 1,41 |
Sul | 5,89 | 5,42 | 3,63 | 2,51 | 2,24 | 1,78 | 1,50 |
Centro-Oeste | 6,74 | 6,42 | 4,51 | 2,69 | 2,25 | 1,92 | 1,64 |
Além disso, a idade média da fecundidade, um indicador-chave do comportamento reprodutivo, aumentou ao longo do tempo. De 2000 a 2022, a idade média passou de 26,3 anos para 28,1 anos, um aumento de 1,8 anos.
As regiões com maior crescimento foram o Centro-Oeste, com um acréscimo de 1,5 anos, e o Norte, com alta de 1,2 anos. Esse aumento está relacionado ao adiamento da maternidade, uma tendência observada especialmente nas regiões mais desenvolvidas do país.
O Censo 2022 também destacou a evolução da fecundidade entre mulheres mais velhas, com a proporção de mulheres de 50 a 59 anos sem filhos vivos aumentando de 11,8% em 2010 para 16,1% em 2022. Esse aumento foi mais expressivo nas regiões Norte e Sudeste, sendo esta última a que apresentou o maior percentual de mulheres sem filhos vivos.
O adiamento da maternidade e a redução do desejo de ter filhos são fatores que explicam essa mudança, refletindo uma maior autonomia das mulheres e mudanças nas condições econômicas e sociais que impactam o planejamento familiar.
Segundo o IBGE, os dados reforçam as tendências observadas ao longo das últimas décadas, com a fecundidade em queda e o adiamento da maternidade se tornando mais evidente, especialmente nas regiões mais desenvolvidas do país.