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Fux muda posicionamento e argumenta que julgamento da trama golpista deve ocorrer em 1ª instância

Após divergência, Fux vota pela nulidade da ação, apontando que os réus não têm foro privilegiado para serem julgados pelo STF

Agência o Globo
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Publicado em 11 de setembro de 2025 às 08h13.

Última atualização em 11 de setembro de 2025 às 08h24.

Antes de defender a nulidade da ação penal da trama golpista pela falta de competência do Supremo Tribunal Federal (STF) para julgar o caso, nesta quarta-feira, o ministro Luiz Fux já votou por manter os processos de réus dos atos golpistas do 8 de janeiro em mais de 1,6 mil casos analisados.

Nos últimos meses, no entanto, Fux mudou de posição e passou a entender que os julgamentos deveriam ocorrer na primeira instância, por não terem foro por prerrogativa de função.

O novo posicionamento de Fux foi reforçado no julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e sete aliados por uma tentativa de golpe. Fux argumentou que os réus são pessoas sem prerrogativa de foro por função, ou seja, sem o direito de serem julgadas por uma instância superior.

Antes, Fux havia seguido integralmente o relator das investigações do 8 de janeiro, Alexandre de Moraes, em 1.692 recebimentos de denúncias envolvendo os atos antidemocráticos. A partir de março, contudo, Fux passou a divergir na competência do STF e registrou essa posição em 37 julgamentos (2,14% do total).

STF define competência para os casos do 8 de janeiro

Quando o STF recebeu as primeiras denúncias do 8 de janeiro, em abril de 2023, ficou decidido que a Corte tinha a competência para analisar esses casos. O entendimento foi de que essas investigações eram relacionadas com outros processos que já tramitavam no tribunal.

Na época, os únicos ministros que discordaram desse ponto foram André Mendonça e Nunes Marques. Fux e os demais integrantes seguiram integralmente Moraes.

Fux passou a mudar seu posicionamento no recebimento da denúncia da trama golpista, em março. Na análise dos pedidos preliminares, Fux foi o único a votar para que o caso não fosse analisado pelo STF. E, caso o julgamento ocorresse na Corte, deveria ser no plenário, e não na turma.

A partir daí, Fux também passou a registrar essa ressalva nos demais recebimentos de denúncias do 8 de janeiro.

"Peço vênia para divergir parcialmente do eminente Ministro Relator e seguir coerente à posição que tenho adotado reiteradamente em manifestações proferidas nesta Corte, para reconhecer a incompetência do STF para julgamento originário do feito", escreveu o ministro em seus votos.

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