Brasil

Gilmar: Temos de reformular as instituições brasileiras

"É evidente que estamos vivendo problemas estruturais decorrentes de hiperpoderes dados a algumas instituições", disse o ministro

Gilmar Mendes: em sua avaliação, o país tem de discutir "erros institucionais graves" (José Cruz/Agência Brasil)

Gilmar Mendes: em sua avaliação, o país tem de discutir "erros institucionais graves" (José Cruz/Agência Brasil)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de março de 2018 às 22h03.

Brasília - O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal, defendeu nesta sexta-feira, 9, durante seminário de 25 anos da Advocacia-Geral da União (AGU), a reformulação das instituições brasileiras. "É evidente que estamos vivendo problemas estruturais decorrentes de hiperpoderes dados a algumas instituições", disse.

O ministro participou do painel "AGU: Passado, Presente e Perspectivas para o Futuro". Junto a ele estavam o colega de Corte, ministro Dias Toffoli, e os ex-Advogados-Gerais da União Luís Inácio Adams e José Eduardo Cardozo.

Em sua avaliação, o país tem de discutir "erros institucionais graves". "Por exemplo, esse modelo de autonomia administrativa e financeira, que é insuportável, e claro que não tem nada a ver com o principio de legalidade. Porque a instituição baixa uma portaria com seus vencimentos e manda o Tesouro pagar. Vamos ter que rediscutir isso. Os limites do poder de cada uma. E o abuso de autoridade, que hoje é muito frequente."

Como exemplo, citou a suposta obstrução à Lava Jato, pelos senadores Renan Calheiros (MDB-AL), Romero Jucá (MDB-RR) e pelo ex-presidente José Sarney (MDB-MA) com base em áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, em conversa com os emedebistas.

"Uma conversa desse tipo enseja um pedido de prisão dos três. A Polícia Federal pediu o arquivamento e a PGR concordou. Alguma coisa está errada."

O ministro também citou a morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier de Olivo, que, de acordo com a narrativa das autoridades, havia participado de uma fraude de R$ 80 milhões. O valor, na realidade, era o total de repasses do Ministério da Educação para o programa de ensino a distância ao longo de dez anos, 2005 a 2015, quando Cancellier não era o reitor.

"Isso é um país do Carnaval. E tudo tem a ver com essa coisa de autonomia administrativa e financeira. Imagina a Polícia Federal com autonomia administrativa e financeira. Iriam congelar salários, fazer o diabo. É chocante e as pessoas não estão vendo. Tem coisa que vamos ter de consertar mesmo e dizer 'aqui não dá'. Mas é muito difícil porque os abusos são populares. Qualquer discussão, dizem que se está introduzindo a censura."

Acompanhe tudo sobre:Gilmar MendesSupremo Tribunal Federal (STF)

Mais de Brasil

Não é só Bolsonaro: 13,5% das prisões do Brasil são domiciliares com uso de tornozeleira eletrônica

Quais são as 10 cidades mais violentas do Brasil? Veja ranking

Quais são as 10 estados mais violentos do Brasil? Veja ranking

'Se ele estiver trucando, vai tomar um seis', diz Lula sobre tarifa de Trump