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Gleisi diz que Trump está 'equivocado' ao apoiar Bolsonaro: 'tem de cuidar dos próprios problemas'

Ministra diz que Brasil não é mais 'subserviente' e que americano precisa 'respeitar a soberania'

Agência o Globo
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Publicado em 7 de julho de 2025 às 14h19.

Última atualização em 7 de julho de 2025 às 14h34.

A ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) criticou o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro e atacou o Judiciário brasileiro.

Segundo ela, Trump está "equivocado" e deveria cuidar dos "problemas" dos EUA e não tentar interferir na soberania brasileira.

"Donald Trump está muito equivocado se pensa que pode interferir no processo judicial brasileiro. O tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro, que batia continência para sua bandeira e não defendia os interesses nacionais. Hoje ele responde pelos crimes que cometeu contra a democracia e o processo eleitoral no Brasil", disse Gleisi nas redes.

"Não se pode falar em perseguição quando um país soberano cumpre o devido processo legal no estado democrático de direito, que Bolsonaro e seus golpistas tentaram destruir. O presidente dos EUA deveria cuidar de seus próprios problemas, que não são poucos, e respeitar a soberania do Brasil e de nosso Judiciário", continuou a ministra.

Na postagem, Trump escreveu que o Brasil está "fazendo uma coisa terrível" contra o ex-presidente e que tem acompanhado a "caça de bruxas contra ele".

"Ele não tem culpa de nada, exceto de ter lutado pelo POVO. Conheci Jair Bolsonaro, e ele era um líder forte, que realmente amava seu país — além de um negociador muito duro em questões COMERCIAIS. Sua eleição foi muito apertada e agora ele está liderando nas pesquisas. Isso nada mais é do que um ataque a um oponente político, algo que eu sei muito bem! Aconteceu comigo dez vezes", disse Trump.

O presidente americano também afirmou que acompanhará de perto a "caça às bruxas contra Bolsonaro, sua família e milhares de seus apoiadores" e acrescentou que "o único julgamento que deveria estar acontecendo no momento é o julgamento pelos eleitores do Brasil, que se chama eleição". "Deixem Bolsonaro em paz", declara na publicação.

Bolsonaro foi declarado inelegível em 2023 por determinação do TSE, condenado por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação ao atacar, sem provas, as urnas eletrônicas em 2022.

Além disso, o ex-mandatário brasileiro é julgado no Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento na trama golpista, e responde pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.

A defesa de Bolsonaro por Trump foi publicada em seguida à crítica feita pele chefe de Estado americano aos países integrantes do Brics, que se reuniram ao longo deste final de semana no Rio de Janeiro.

"Qualquer país que se aliar às políticas antiamericanas dos Brics será cobrado com uma tarifa adicional de 10%. Não haverá exceções a essa política", escreveu o americano nas redes sociais. A declaração final da cúpula, divulgada ontem, condena a “imposição de medidas coercitivas unilaterais contrárias ao direito internacional” e cite suas “implicações negativas”.

O documento, no entanto, não aponta diretamente para a Casa Branca e seu tarifaço, no momento em que a maior parte dos países tenta negociar novos termos com Washington ou ao menos adiar ao máximo as medidas contra suas importações.

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