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Governistas no Congresso defendem aplicação da lei da reciprocidade aos EUA

Oposição critica falta de negociação de Lula com Trump

Tereza Cristina defende reação equilibrada do Brasil após tarifas dos EUA e diz que diplomacia deve prevalecer (Pedro França/Agência Senado)

Tereza Cristina defende reação equilibrada do Brasil após tarifas dos EUA e diz que diplomacia deve prevalecer (Pedro França/Agência Senado)

Agência o Globo
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Publicado em 9 de julho de 2025 às 19h59.

Última atualização em 9 de julho de 2025 às 20h00.

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Após os Estados Unidos anunciarem tarifa de 50% aos produtos brasileiros, deputados e senadores governistas defenderam a possibilidade de o Brasil aplicar a chamada "lei da reciprocidade", mas ponderam ser preciso esperar se a taxação entrará de fato em vigor.

A lei, que permite ao governo responder com sanções comerciais países que não mantenham uma relação de isonomia econômica, foi aprovada pelo Congresso em abril deste ano.

A aplicação da lei, contudo, depende de uma decisão do governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O presidente se reúne na noite desta terça-feira com ministros para discutir como será a reação a Donald Trump.

Para o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), a atitude do presidente americano não surpreende, mas ele lembra que Trump já recuou em outros momentos após anunciar tarifas como retaliação política a alguns países.

— É um desrespeito, uma insanidade. Um país que não cobra nada dos produtos deles, e vem uma decisão dessa, que relação diplomática é essa? Vindo do Trump, não me surpreende. Para ele recuar é rápido também — afirmou.

A líder do PP e integrante da Frente Parlamentar do Agronegócio, Tereza Cristina, também defende que as reações sejam medidas com calma.

— As nossas instituições precisam ter calma e equilíbrio nesta hora. A nossa diplomacia deve cuidar dos altos interesses do Estado brasileiro. Brasil e Estados Unidos têm longa parceria e seus povos não devem ser penalizados. Ambos têm instrumentos legais para colocar à mesa de negociação nos próximos 22 dias — afirmou.

Já o líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (SE), defende uma postura firme do Planalto neste momento.

— O Brasil não pode se curvar a interesses estrangeiros. É hora de reagir com firmeza, de fortalecer nossas alianças no Sul Global e de proteger a produção nacional com uma política externa soberana, ativa e altiva. Defendemos um Brasil que enfrente o imperialismo, e não que se ajoelhe diante dele — afirmou.

O mesmo tom foi adotado pelo líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), que culpa a aliança de Trump com a oposição brasileira como responsável pelas tarifas aplicadas pelo governo americano.

— Eu não consigo imaginar um ataque tão forte à soberania nacional. Pode trazer sérias consequências para a economia. É hora dos brasileiros, independentemente dos partidos políticos, para defenderem os empregos. Não posso deixar de falar do papel de uma extrema direita bolsonarista que aplaude Trump.

Integrantes da oposição, por sua vez, apontam que a tarifa de Trump é resultado de um trabalho falho do governo Lula na diplomacia.

— O governo brasileiro colhe o que planta, a sua péssima política externa tem criado atritos desnecessários com relevantes parceiros comerciais. Esta aí o extrato da perseguição política. É hora do governo fazer um freio de arrumação. A medida do governo americano é radical, mas é uma mera consequência. Agora o governo Lula resolva isto — disse o líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ).

Em nota, a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) afirma que a medida de Trump atinge diretamente o agronegócio nacional.

"A nova alíquota produz reflexos diretos e atingem o agronegócio nacional, com impactos no câmbio, no consequente aumento do custo de insumos importados e na competitividade das exportações brasileiras. Diante desse cenário, a FPA defende uma resposta firme e estratégica: é momento de cautela, diplomacia afiada e presença ativa do Brasil na mesa de negociações. A FPA reitera a importância de fortalecer as tratativas bilaterais, sem isolar o Brasil perante as negociações. A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas", afirma a Frente.

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