Agência de notícias
Publicado em 24 de setembro de 2025 às 21h17.
O governo federal prevê em seus gastos para 2026 repasses para as universidades federais e agências de fomento à ciência e tecnologia 53% do que o disponibilizado em 2014. A estimativa é destinar R$ 17,9 bilhões, menos do que a metade do que há 12 anos, quando o valor foi de R$ 32,5 bilhões, em valores corrigidos. A informação consta no levantamento do Observatório do Conhecimento, apresentado nesta quarta-feira na Câmara dos Deputados.
O trabalho usou como base o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2026 apresentado e encaminhado para o Congresso pelo Ministério do Orçamento e do Planejamento no final de agosto. Os pesquisadores identificaram ainda que o valor previsto para 2026 se manteve estável se comparado ao disponibilizado em 2025, que foi de R$ 17,27 bilhões, com somente, 0,12% de recomposição.
Segundo a coordenadora do estudo, a professora de Ciência Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mayra Goulart, a baixa receita destinada pelo governo faz com que as instituições fiquem dependentes de emendas parlamentares.
— o relatório revela que, apesar das promessas orçamentárias, o financiamento do conhecimento continua em terreno de fragilidade, nossas universidades e centros de pesquisa enfrentam cortes reais, dependência de emendas e limitações crescentes que comprometem a soberania científica do país — avalia Mayra Goulart.
O trabalho destaca o orçamento discricionário das universidades federais, que será de R$ 7,85 bilhões em 2026, equivalente a 45% do que recebiam em 2014. O valor será dividido entre 69 unidades espalhadas pelo país. No ano de comparação, eram apenas 59 instituições de ensino que recebiam os recursos.
"Há um desmonte dos investimentos das instituições de ensino superior em curso, que impede a melhoria e expansão estrutural das universidades. Em 2026, o valor a ser destinado para investimentos é de R$335,9 milhões, equivalente a apenas 5,67% dos investimentos em 2014. Isso significa que o investimento dessas instituições perdeu espaço no orçamento ao longo dos últimos 11 anos, chegando a um montante insuficiente e impeditivo às atividades de manutenção da universidade", avalia o relatório.