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EcoRodovias reduz inadimplência no free flow e aposta em modelo de risco compartilhado, diz diretor

Em menos de dois anos, o grupo conseguiu reduzir a inadimplência de 7% para menos de 5% nos pórticos da concessão EcoNoroeste

Com mais de duas décadas no grupo, Rui Klein lidera a expansão do sistema em diferentes estados e destaca que o free flow é uma tendência irreversível (EcoRodovias/Divulgação)

Com mais de duas décadas no grupo, Rui Klein lidera a expansão do sistema em diferentes estados e destaca que o free flow é uma tendência irreversível (EcoRodovias/Divulgação)

Publicado em 25 de junho de 2025 às 08h00.

Última atualização em 25 de junho de 2025 às 09h24.

A experiência da EcoRodovias com o modelo de pedágio eletrônico, conhecido como free flow, tem demonstrado que a tecnologia, além de fluida para o usuário, pode ser economicamente viável para as concessionárias. Segundo Rui Klein, diretor-geral de concessões da EcoRodovias, o grupo conseguiu reduzir a inadimplência de 7% para menos de 5% nos pórticos da concessão EcoNoroeste, em operação desde o segundo semestre de 2024 no interior de São Paulo. A tendência, afirma, é de queda contínua.

"Isso mostra que, apesar das preocupações iniciais, o sistema está funcionando. O modelo de compartilhamento de risco foi essencial para que a operação fosse viabilizada neste momento de transição tecnológica", diz Klein, convidado do 13º episódio do videocast EXAME INFRA, uma realização da EXAME com a empresa Suporte.

Compartilhamento de riscos

No arranjo atual, a concessionária não arca com o prejuízo caso a placa seja corretamente identificada e o usuário não efetue o pagamento. A inadimplência, nesse caso, é tratada de forma regulatória e pode gerar multa aplicada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP), com valor superior ao do pedágio.

Klein destaca que esse modelo foi essencial para viabilizar o free flow neste momento de transição tecnológica e adaptação dos usuários.

Segundo ele, trata-se de uma solução adequada para o estágio atual da tecnologia, mas que deverá ser revista e aprimorada nos próximos anos, à medida que o sistema amadurecer e a inadimplência cair ainda mais. "A gente vai construindo agora um patamar que deve permitir, no futuro, outro tipo de matriz de risco", afirma.

Expansão do free flow

Com mais de duas décadas no grupo, Klein lidera a expansão do sistema em diferentes estados e destaca que o free flow é uma tendência irreversível. "Estamos falando de ganho de fluidez, menor emissão de poluentes e mais qualidade de viagem. Não faz sentido segurar o trânsito em praças físicas", afirma.

A EcoRodovias já havia testado a tecnologia de leitura de placas desde 2020 em um projeto piloto da Ecopistas, na rodovia Ayrton Senna, sem cobrança. Agora, o plano é expandir o modelo: na EcoNoroeste, duas praças de pedágio já foram convertidas em pórticos eletrônicos e outras duas passarão pelo mesmo processo ainda em 2025.

A meta é transformar todas as dez praças da concessão nos próximos anos. Já na Raposo Tavares e na Castello Branco, operadas pela EcoRodovias, a previsão é que o free flow comece a ser implantado em 2027, conforme cronograma contratual.

A evolução da tecnologia de leitura de placas e de perfilometria veicular, somada a novas ferramentas de pagamento – como débito automático via cartão de crédito, PIX e integração com o portal pedagiodigital.com – também tem contribuído para o sucesso da operação.

"A inadimplência está caindo porque o usuário entendeu que tentar burlar o sistema não compensa. A multa é mais cara que a tarifa", diz o executivo.

Além de São Paulo, a EcoRodovias opera concessões em mais de oito estados e pretende levar o modelo free flow a outras unidades.

O desempenho inicial da tecnologia e o avanço regulatório, segundo Klein, mostram que o Brasil pode ser um exemplo de sucesso nessa transição: "Mesmo com os desafios, conseguimos resultados melhores do que benchmarks internacionais, que registraram inadimplência de até 20% no início. Aqui, estamos bem abaixo disso". afirma.

EXAME INFRA

O EXAME INFRA é um podcast da EXAME em parceria com a empresa Suporte, especializada em soluções para obras e projetos de infraestrutura. Com episódios quinzenais disponíveis no YouTube da EXAME, o programa se debruçará sobre os principais desafios do setor de infraestrutura no Brasil.

Veja os episódios:

Ep. 1 - EXAME INFRA: SP planeja concessões de rodovias, CPTM e mais com R$ 30 bi em investimentos

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Ep.2 - EXAME INFRA: Com prazo para setembro de 2026, Via Appia quer antecipar entrega final do Rodoanel Norte

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Ep. 3 - EXAME INFRA: Rodovias, ferrovias, 'antídoto' para o câmbio: a agenda de R$ 160 bi do Ministério dos Transportes

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Ep. 4 - '26 anos em 5': rodovias no Brasil terão R$ 150 bi em investimentos até 2030, diz presidente da ABCR 

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Ep. 5 - Com R$ 22 bi ao ano, Brasil ainda investe menos da metade para atingir meta de saneamento

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EP. 6  - Privatização da Sabesp triplica velocidade da empresa, que contrata R$ 15 bi em 90 dias, diz diretor

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EP. 7  - Investimento no Porto de Santos chega a R$ 22 bi e promete modernização e integração com a cidade

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EP. 8  - Rumo investe R$ 6,5 bi para conectar terminal de grãos ao 'coração' da soja no MT

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Ep. 9 - Concessionárias investirão R$ 40 bi de rodovias a hidrovias até 2029, diz CEO da MoveInfra

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Ep. 10 - Fundos de investimentos se consolidaram no mercado de leilões, diz CEO de concessões de R$ 27 bi

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Ep. 11 - 'Brasil tem pressa' e licenciamento ambiental deve ser votado antes do recesso, diz Arnaldo Jardim

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Ep. 12 - Governo de São Paulo prepara leilão de R$ 20 bilhões para saneamento em cidades fora da Sabesp

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