Agência de notícias
Publicado em 3 de outubro de 2025 às 12h45.
A Polícia Federal realizou, nesta sexta-feira, 3, operações de fiscalização em fábricas de bebidas adulteradas. As ações ocorreram no interior de São Paulo, na região de Campinas, em Chapecó e Joinville (Santa Catarina) e em Poços de Caldas (Minas Gerais).
Policiais coletaram amostras dos produtos produzidos e armazenados, que serão encaminhadas para análise químico-sanitária. “As verificações buscam identificar a conformidade dos insumos utilizados, a eventual presença de substâncias proibidas ou em concentrações acima dos limites legais, além de avaliar a rastreabilidade dos lotes e a responsabilidade pela fabricação ou manipulação”, informou a PF em nota.
A onda de intoxicações por metanol em bebidas adulteradas começou em São Paulo no fim de setembro, quando em apenas 25 dias foram registrados nove casos suspeitos. Atualmente, o estado investiga 41 casos e cinco mortes, com 11 confirmações e uma morte atribuída ao consumo. Pernambuco, Brasília e a Bahia também notificaram ocorrências semelhantes.
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, anunciou na terça-feira (30) a abertura de inquérito para investigar as notificações. Há suspeita de conexão com o crime organizado. No último mês, a PF participou da Operação Carbono Oculto, que investigou um esquema do PCC no setor de combustíveis em São Paulo.
"Há possível conexão com investigações recentes que fizemos agora, em toda a cadeia de combustíveis (…) Agora, a investigação dirá se há ligação com o crime organizado e operações anteriores", disse o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues.
Segundo a Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), o metanol utilizado para adulterar bebidas pode ter origem em solventes desviados do esquema em combustíveis.
O metanol é um produto químico utilizado em indústrias e em itens domésticos, como diluentes, anticongelantes, vernizes e fluidos de fotocopiadora. Incolor e com cheiro semelhante ao do álcool consumido em bebidas, é muito mais barato de produzir, o que o torna atrativo para adulterações.
Os efeitos tóxicos aparecem horas após a ingestão, quando o organismo tenta eliminá-lo. Pequenas doses podem causar cegueira, coma e até morte. Entre 40 minutos e 72 horas após o consumo, os sintomas vão de confusão, tontura e vômitos até insuficiência renal e convulsões.
O tratamento deve ser iniciado imediatamente após a suspeita de intoxicação. Em ambiente hospitalar, pode incluir medicamentos, diálise e a aplicação de etanol, que compete com o metanol no metabolismo do fígado, reduzindo a formação de subprodutos tóxicos.