Lula: governo aposta que isenção terá grande impacto nas eleições no próximo ano (Getty Images)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 26 de novembro de 2025 às 06h00.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sanciona nesta quarta-feira, 26, o projeto de lei que garante a isenção do Imposto Renda para pessoas que recebem salários de até R$ 5 mil e alíquota reduzida para quem recebe até R$ 7,2 mil.
O ganho anual de renda para os trabalhadores com a isenção vai variar entre R$ 250 e R$ 4 mil.
O PL também cria taxação mínima de 10% para quem ganha mais de R$ 600 mil por ano e taxa lucros e dividendos remetidos ao exterior.
A medida foi a principal promessa de campanha do petista durante as eleições de 2022. O governo registrava melhora na aprovação desde março, mas a megaoperação do Rio de Janeiro freeou a recuperação. A aposta é que a isenção aumente a popularidade de Lula e favoreça a disputa pela reeleição em 2026.
Pesquisas de opinião apontam que a isenção é amplamente aprovada pela população e faria com que uma parcela da população votaria em Lula com a isenção do IR. No total, cerca de 15 milhões de brasileiros vão deixar de pagar imposto de renda com a nova lei.
O projeto foi o único do governo aprovado por unanimidade na Câmara e no Senado neste ano, mas a sanção acontece em um momento de alta tensão entre Lula e o Congresso.
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), e o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União), romperam com os líderes do governo nas respectivas casas. O PL Antifaçcão e a indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF) foram os motivos da rota de colisão.
O projeto amplia a faixa de isenção do imposto de renda até R$ 5 mil por mês, com um desconto parcial até R$ 7,3 mil, e cria uma alíquota mínima de 10% para rendimentos altos.
Com a sanção do projeto, a isenção começará a partir de janeiro de 2026.
No novo formato, com a ampliação da faixa beneficiada, a renúncia anual poderá chegar a R$ 31,7 bilhões, contando a perda de estados e municípios.
Para compensar a renúncia fiscal, o projeto criará um imposto mínimo de 10% que incidirá sobre a renda de quem recebe a partir de R$ 600 mil por ano. Segundo o Ministério da Fazenda, a medida atingirá 0,13% dos contribuintes, que hoje pagam, em média, apenas 2,54% de Imposto de Renda.
A alíquota começa em zero e subirá gradativamente, até que quem recebe mais de R$ 1,2 milhão todos os anos pague, pelo menos, 10% de imposto sobre sua renda. Nessa conta estarão incluídos os rendimentos recebidos como lucros e dividendos, atualmente, isentos.
Os descontos vão ocorrer mensalmente nas fontes de pagamento, quando for atingido um valor de ganhos superior a R$ 50 mil no mês. Quando a pessoa física for fazer a declaração do IR, será verificado se o montante recebido no ano todo foi acima de R$ 600 mil.
A Câmara incluiu rendimentos isentos da base de cálculo da tributação mínima e o Senado manteve.
Rendimentos no exterior também serão cobrados, mas com três exceções, que não serão taxadas: dividendos pagos, creditados, entregues ou remetidos a governos estrangeiros, desde que haja reciprocidade; fundos soberanos; entidades no exterior que tenham como principal atividade a administração de benefícios previdenciários.