Brasil

Lava Jato está mais segura do que Mãos Limpas, diz Vilhena

Diretor da Direito GV não espera que o impeachment vá "ocorrer de maneira simples como muitos esperavam"; Eurasia coloca possibilidade em 60%

Carro da Polícia Federal (Sergio Moraes/ Reuters)

Carro da Polícia Federal (Sergio Moraes/ Reuters)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 7 de abril de 2016 às 12h49.

São Paulo - Oscar Vilhena, diretor da escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas, acredita que a Operação Lava Jato está mais segura do que estava a Operação Mãos Limpas na Itália, uma de suas inspirações.

No evento Itaú Macro Vision hoje em São Paulo, o professor de Direito Constitucional disse que "qualquer ameaça [à operação] deve gerar uma escalada punitiva" porque ela é resultado de vários fatores.

Entre eles estão a maturidade das instituições, uma mudança geracional entre os juízes e o aumento da expectativa social de igualdade. Há tambem novos instrumentos jurídicos - como a delação premiada, que gera o "fator novelo: desenrola e não acaba".

Vilhena não espera que o impeachment vá "ocorrer de maneira simples como muitos esperavam". e que há não um processo, mas uma "série de ondas" em instâncias diferentes 

No mesmo debate, o analista da Eurasia Group, Christopher Garman, disse que há hoje 75% de chance da presidente não terminar o seu mandato.

A probabilidade do impeachment nas próximas semanas pelo processo atual é calculada hoje como próxima de 60%. Há uma semana, ficava entre 60% e 70% - e "se fosse hoje, o governo levaria".

O que vai determinar a evolução nas próximas duas semanas, segundo ele, são os protestos e os desdobramentos diários da Operação Lava Jato.

Para Vilhena, o processo de impeachment, como estruturado na lei, é para proteger o presidente. Para que ele seja estabelecido, é necessário "entusiasmo social de um grau muito elevado", e o Legislativo tem muita discricionariedade sobre o processo.

No caso de Fernando Collor, o ponto fora da curva era um governo sem qualquer base parlamentar. No caso Dilma, temos "um player muito disfuncional": Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados.

Garman diz que a saída do PMDB do governo, calculada para gerar um novo fato político de desgaste, acabou saindo pela culatra porque abriu espaço para o espaço do partido ser negociado pelo governo em troca de votos.

O Supremo Tribunal Federal, segundo Vilhena, deve continuar "calibrando incidentes institucionais" interferindo sobre o processo, mas não sobre o mérito.

Ele vê o momento atual como "uma série de ondas". Os dois concordam que uma nova eleição geral é a melhor solução do ponto de vista de estabilidade institucional e legitimidade do novo governante.

A jurisprudência do Tribunal Superior Eleitoral com casos anteriores de governadores é que se a chapa for cassada, assume o segundo lugar nas eleições.

Há uma nova regulação que determina novas eleições. Ela só entra em vigor dentro de alguns meses, mas o TSE poderia definir que esta é uma solução. De qualquer forma, o caminho é improvável:

"O TSE é composto de 7 juizes desconhecidos; eles assumirem essa responsabilidade é algo que só vai acontecer em um caso de crise aguda", diz Vilhena.

Acompanhe tudo sobre:Dilma RousseffEleiçõesGoverno DilmaImpeachmentOperação Lava JatoPersonalidadesPolítica no BrasilPolíticosPolíticos brasileirosPT – Partido dos TrabalhadoresTSE

Mais de Brasil

Decisão da Justiça dá aval para concessionária do Ibirapuera cobrar taxa de assessoria esportiva

Gilmar Mendes marca audiência no STF para discutir pejotização

Se 'acontecer o que estou pensando' o Brasil terá primeiro presidente eleito quatro vezes, diz Lula

Gleisi Hoffmann diz que espera acordo após suspensão de decretos do IOF