Brasil

Leilão de 'teste' da BR-163 termina sem novas propostas; atual concessionária mantém contrato

Foi o primeiro leilão de infraestrutura no modelo, que busca atualizar parcerias consideradas defasadas; rodovia que cruza o MS é um dos grandes corredores logísticos do agronegócio

BR-163: leilão vazio mantém concessão com a Motiva e prevê modernização da rodovia no Centro-Oeste (Edson Rodrigues/ Secom MT/Fotos Públicas)

BR-163: leilão vazio mantém concessão com a Motiva e prevê modernização da rodovia no Centro-Oeste (Edson Rodrigues/ Secom MT/Fotos Públicas)

Agência o Globo
Agência o Globo

Agência de notícias

Publicado em 22 de maio de 2025 às 16h19.

Última atualização em 22 de maio de 2025 às 16h31.

Tudo sobreParcerias público-privadas
Saiba mais

Nenhuma empresa apresentou propostas para o novo leilão da BR-163, nesta quinta-feira, 22, na Bolsa de Valores (B3), em São Paulo, feito pelo Ministério dos Transportes. A atual concessionária, a Motiva (antiga CCR), continua com o contrato.

Esse foi o primeiro leilão do setor de infraestrutura no modelo de “teste de mercado”, em que a atual concessionária — que participou de uma repactuação do contrato — apresentou uma proposta. A partir dessa proposta, outros interessados poderiam fazer lances, o que não aconteceu. A Motiva apresentou oferta de R$ 0,07521 por quilômetro.

Rodovia é peça-chave na logística do agronegócio

A rodovia atravessa o estado do Mato Grosso do Sul e é um dos grandes corredores logísticos do agronegócio brasileiro. O trecho concedido tem 847 quilômetros, sendo fundamental para o escoamento de grãos como soja e milho na Região Centro-Oeste. Segundo o governo, a BR-163 faz parte do conjunto das rodovias que compõem a Rota Bioceânica, que visa conectar o Brasil ao Oceano Pacífico por meio de um corredor logístico que passa pelo Paraguai, Argentina e Chile.

A ideia desse novo formato de certame era aumentar a competitividade na renegociação de contratos considerados defasados, buscando melhorar as condições das rodovias que apresentam baixos índices de qualidade. Assim, o governo garante a continuidade dos serviços e obras, sem precisar esperar o fim dos contratos para fazer um novo leilão.

Contrato prevê R$ 16,59 bi em obras e 134 mil empregos

O contrato prevê R$ 16,59 bilhões em investimentos ao longo de 29 anos, com foco na modernização, ampliação e aumento da segurança da rodovia. Devem ser criados mais de 134 mil empregos diretos e indiretos. A proposta foi construída pelo Ministério dos Transportes, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Tribunal de Contas da União (TCU).

Entre as obras previstas estão 203 km de duplicação, 147,77 km de faixas adicionais, 28,82 km de contornos e 22,99 km de vias marginais. Também estão incluídas 22 passarelas, 144 pontos de ônibus, 56 passagens de fauna e três Pontos de Parada e Descanso (PPDs) para caminhoneiros. O novo contrato deverá entrar em vigor em até três meses após o certame.

Motiva mantém trecho após desistência anterior

A CCR (agora Motiva) venceu o leilão da BR-163 em 2014. Pelo contrato, todo o trecho deveria ser duplicado até 2019, o que não aconteceu. Naquele ano, a empresa pediu a devolução amigável da concessão e os termos foram repactuados em 2024.

O valor atual do pedágio é de R$ 7,52 a cada 100 km. Se algum concorrente oferecer um valor menor, a Motiva pode apresentar uma nova proposta. Sai vencedor quem oferecer a menor taxa, desde que assuma todos os compromissos do contrato. Caso a atual concessionária perca, o contrato prevê indenizações.

Ministro defende modelo como alternativa à judicialização

O ministro dos Transportes, Renan Filho, afirmou que o novo modelo de concessão é inovador por buscar soluções com base no consenso e no entendimento, evitando a judicialização de contratos com obras paralisadas. Segundo ele, a proposta também garante a contratação por preços iniciais inferiores aos praticados nos novos leilões, “uma solução muito inovadora, que certamente o Brasil vai exportar para o mundo”.

Ele explicou que parte dos problemas enfrentados nos contratos antigos se deve a projeções desatualizadas ou imprecisas:

— Quando estimou-se o custo da obra, não foi levado em consideração o preço do petróleo, o que impacta diretamente o preço do asfalto. Sem corrigir a tarifa, não tem mais sustentação naquele contrato. Então, problemas desse tipo aconteceram. Ou então, por exemplo, estima-se que naquela rodovia vão passar por dia mil carros e na verdade estão passando 800, com redução de 20%. Isso representa perda de faturamento. Como manter o investimento com perda de faturamento? Essas brechas foram corrigidas nos novos contratos.

Falta de concorrência preocupa o governo

Questionado sobre a baixa concorrência no certame, Renan Filho avaliou que isso pode estar relacionado ao fato de as tarifas estarem partindo de um patamar mais baixo.

— O entrante está olhando: prefiro participar do leilão novo ou eu prefiro participar da otimização? O mais importante é dar oportunidade. Agora, a competição é questão mercadológica. Por quê? Porque você tem de convencer a outros privados que aquele ativo que teve um problema no passado é rentável. Então, eles olham isso. Mas o modelo é 100% aberto. Eu acredito que nós teremos otimizações em que nós teremos concorrência.

Acompanhe tudo sobre:B3Ministério do TrabalhoLeilõesParcerias público-privadas

Mais de Brasil

Haddad e Tebet manifestam preocupação com aumento de gastos com benefícios da Previdência

Lewandowski diz que não há evidências de ação em larga escala de espiões no Brasil

Governo de SP assina contrato de concessão das linhas 11, 12 e 13 da CPTM

Doze repatriados de Gaza desembarcam em Guarulhos